Alexandre Dumas é um dos autores mais celebrados de Hollywood e sua obra “Os Três Mosqueteiros” tem incontáveis adaptações em todo mundo, de todos os calibres e qualidades. Aqui pelo Cinecríticas uma produção pra lá de duvidosa de 2011 dirigida por aquele Paul W.S. Anderson que cometeu o crime chamado de “Resident Evil” e suas continuações
Agora a história é outra, com uma adaptação francesa que tem uma produção impecável e um elenco estelar, além de uma história de vários arcos e que consegue envolver o espectador. François Civil de “Quem Você Pensa que Eu Sou” é o jovem D’Artagnan que vai à Paris tentar um lugar ao lado dos três mosqueteiros do rei, Athos (Vincent Cassel de “Ameaça Profunda”), Porthos (Pio Marmaï, ainda desconhecido do público) e Aramis (Romain Duris de “A Espuma dos Dias”) num momento de conspirações contra o rei pelo famigerado Cardeal Richelieu (o famoso ator do teatro francês Eric Ruf) e a misteriosa Milady (Eva Green de “Pássaro Branco na Nevasca” falando um francês impecável).
A trama dessa conspiração é ousada por ser baseada num triângulo amoroso e num suspense dramático ao mesmo tempo que agrega cenas de ação eletrizantes.
O diretor Martin Bourboulon caprichou nas cenas de um único take com destaque para a chegada de D’Artagnan na cidade e na batalha entre os mosqueteiros e os soldados de Richelieu no segundo ato, transbordando técnica afinadíssima e adrenalina pura. Os movimentos de câmera e a edição é de tirar o chapéu (sem trocadinhos) e os efeitos especiais são quase todos mecânicos e conservam o pé no chão da realidade sem malabarismos digitais difíceis de engolir.
Com tantos personagens centrais, o roteiro dá conta de contar o necessário do arco de história de praticamente todos, como o passado amargo de Athos, a bissexualidade de Porthos sem ser forçada, a difícil relação entre rei e rainha da França (esta interpretada por Vicky Krieps de “Becket”, exalando carisma) e até mesmo aqueles deixados no mistério, como a própria Milady, vemos a profundidade que existe em seu personagem.
O diretor consegue ao desfecho juntar todas as peças e apenas deixar as pontas que serão a força motriz da parte 2 cujo subtítulo será “Milady”. Ainda assim, ainda faltou um pouquinho de desenvolvimento das tramas paralelas no decorrer do segundo ato, já que várias conspirações independentes ocorrem ao mesmo tempo e nem todas são aprofundadas ou tem suas motivações esclarecidas.
Destaque para o design de produção e reconstituição de época, bem como o figurino e, principalmente, tudo isso capturado pela bela e ostensiva fotografia de Nicolas Bolduc de “Punhos de Sangue”.
“Os Três Mosqueteiros – Parte 1: D’Artagnan” já é uma das grandes adaptações do clássico literário que tem a cara de um blockbuster e a inteligência de um indicado a prêmios, conservando o equilíbrio entre ação e drama sem escorregar. Recomendado e ainda com cena pós-créditos.
Curiosidades:
- As duas partes foram filmadas juntas totalizando um total de 150 dias de filmagens.
- Tudo foi filmado ao ar livre e nos castelos da França. Dos 150 dias, apenas 1 foi para filmar em estúdio.
- O pai de Vincent Cassel, Jean-Pierre Cassel já interpretou D’Artagnan em Cyrano et d’Artagnan (1964).
- D’Artagnan se identifica como Charles de D’Artagnan, por causa que o personagem foi inspirado em Charles de Batz de Castlemore, militar francês e capitão dos mosqueteiros do rei na vida real.
- Pio Marmaï teve que ganhar 10kg para interpretar Porthos.
Ficha Técnica:
Elenco:
François Civil
Vincent Cassel
Romain Duris
Pio Marmaï
Eva Green
Louis Garrel
Vicky Krieps
Lyna Khoudri
Jacob Fortune-Lloyd
Eric Ruf
Marc Barbé
Patrick Mille
Julien Frison
Ivan Franek
Gabriel Almaer
Thibault Vinçon
Direção:
Martin Bourboulon
História e Roteiro:
Matthieu Delaporte
Alexandre de La Patellière
Produção:
Dimitri Rassam
Fotografia:
Nicolas Bolduc
Trilha Sonora:
Guillaume Roussel
