Lá pela terceira parte dessa “saga” (sim, aspas por favor), a gente já não sabe mais quem viveu, quem morreu, quem matou, quem morreu só que foi clone, quem ressuscitou e assim vai. E o pai dessa prole, o diretor Paul W.S. Anderson (marido da própria Milla Jovovich) não tá nem aí. Personagens vem e vão ao seu bel prazer sem nos dar a mínima explicação do destino destes.
Neste que se diz um último da série (vamos torcer e rezar) não é diferente. As histórias são tão desconexas que em cada parte, o roteiro precisa gastar uns minutinhos no início explicando o que aconteceu nas partes anteriores, seja porque ninguém lembra ou ninguém entendeu ou ninguém se importa.
Aqui Alice começa sozinha detonando os monstros naquele cenário pós-apocalíptico que já conhecemos. Mas a sinopse é que agora a Rainha Vermelha – o supercomputador da Umbrella Corporation – passa a ajuda-la dizendo que existe um antivírus que conseguirá matar todos os monstros e zumbis do planeta. Entretanto ela tem apenas 48 horas pra ir à Colmeia (sede da Umbrella), pegar o antídoto e espalhar pelo ar, antes que toda a raça humana seja exterminada (como ela sabe que vai levar exatamente 48 horas pra isso, ninguém sabe). Então Alice se junta ao enésimo grupo de humanos e futuros defuntos que encontra na série para tentar entrar na Colméia e roubar a solução de todos os problemas.
Se analisando a série, a sensação é de tempo perdido, analisar apenas esta última parte como filme solo não muda muito o resultado. Não só conta as piores sequencias de ação, como ninguém se entende. É quase impossível descobrir quem atira em quem e onde a noção espacial dos eventos é nula. As edições rápidas e a péssima iluminação – provavelmente para disfarçar efeitos digitais – não contribuem e ainda deixam tudo mais confuso. Os coadjuvantes são tão descartáveis que é difícil dizer quem acabou de morrer e, mesmo quando se sabe, não importa muito, já que não há a mínima conexão com o público. E pior, parece não importar muito para os próprios sobreviventes.
O roteiro tem falhas monumentais. Pra citar só algumas: o grupo diz no início que naquele prédio que usam como fortaleza estão protegendo crianças e idosos, mas minutos depois, põe fogo em tudo e ninguém se lembra mais deles; no final duas personagens estão conversando o no corte seguinte só existe uma, como se a outra tivesse evaporado; fora a história dos clones que vai sempre longe demais, apesar de no último ato provocar uma pequena gargalhada com o personagem do dono da Umbrella.
“Resident Evil 6” conseguiu ser pior do que “Assassin’s Creed” em mediocridade, direção e roteiro amalucado. O pior de tudo, é que se pegarmos todas as partes, existe uma história sim a ser contada no máximo em duas partes. Mas pra que explicar se a gente pode complicar? Não daria dinheiro.
Curiosidades:
– Ocorreram dois acidentes graves nos sets de filmagens: no primeiro, com uma moto, a dublê de Milla Jovovich teve seu braço amputado. No segundo, um carro caiu em cima de um membro da equipe técnica e ele morreu.
– O filme atrasou suas filmagens em quase 1 ano porque Milla Jovovich ficou grávida.
– Todo mundo teme que o este chamado de O Capítulo Final não seja necessariamente o capítulo final. Isso já aconteceu antes com Sexta Feira 13 onde a quarta parte teve o subtítulo de O Capítulo Final em 1984.
– A moto que Alice dirige é um modelo 2016 da BMW (marketing via product placement). Pena que, segundo o próprio filme, ela seria impossível de existir já que o apocalipse foi há cerca de 10 anos.
Ficha Técnica
Elenco:
Milla Jovovich
Iain Glen
Ali Larter
Shawn Roberts
Eoin Macken
Fraser James
Ruby Rose
William Levy
Rola
Ever Anderson
Mark Simpson
Joon-Gi Lee
Direção:
Paul W.S. Anderson
Produção:
Paul W.S. Anderson
Jeremy Bolt
Samuel Hadida
Robert Kulzer
Fotografia:
Glen MacPherson
Trilha Sonora:
Paul Haslinger