Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos (“The Mortal Instruments: City of Bones”)

A enésima tentativa da indústria literária (atendendo pelo nome de Cassandra Clare) de capitalizar receita em cima do público que enriqueceu as autoras de “Harry Potter” e “Crepúsculo” se traduz na também enésima tentativa de conseguir o mesmo no cinema em cima das duas séries.

Às vezes tendendo mais pra uma ou pra outra dessas duas séries que foram sucessos de bilheteria (não necessariamente de crítica), já tivemos, por exemplo, “As Crônicas de Nárnia”, “A Bússola de Ouro”, “Jogos Vorazes”, “Percy Jackson” e até “Dezesseis Luas”. Mas nenhuma conseguiu fazer uma salada tão maluca de elementos de ambas as sagas, bem como clichês de outros filmes como esse “Instrumentos Mortais”.

Lily Collins de “Espelho Espelho Meu” é Clary, uma jovem que vê seu mundo virar de cabeça pra baixo quando descobre que na verdade tem um dom mágico (lembra de Harry Potter?) depois que sua mãe é sequestrada por criaturas desconhecidas. Eis que aparece o mocinho caçador de sombras Jace (Jamie Campbell Bower de – pasmem – “Crepúsculo – Amanhecer parte 2”) e leva-la junto com o melhor amigo dela para uma fortaleza onde devem desvendar o paradeiro de um artefato sagrado que fará toda a diferença na luta do bem contra o mal. Nesse meio tempo Clary ainda se apaixona por Jace e deixa seu melhor amigo Simon (Robert Sheehan de “Killing Bono”) morrendo de ciúmes (alguém se lembra de Bella, Edward e Jacob?).

Aliás, o carisma do ator Jamie Campbell Bower é o mesmo de Robert Pattinson, que interpretou o vampiro Edward, ou seja, nenhum. A gente fica torcendo é pra ele sumir em algum momento. Para desespero dos cinéfilos isso não só não acontece, como também ele protagoniza junto com Collins uma das cenas de amor mais cafonas da atualidade no meio de um jardim e embalada pela música piegas da Demi Lovatto “Heart by Heart”, logicamente para tentar capturar a nata (ironias a parte) da geração atual (Obs: há uma música da Colbie Caillat chamada “When the darkness comes” na trilha sonora, essa sim, muito bonita).

O diretor Harald Zwart, culpado pela fraquíssima atualização de “Karate Kid” com o filho do Will Smith, investe em colocar no mundo de “Instrumentos Mortais” todos os universos de filmes análogos: vemos lobisomens e vampiros numa mesma festa com a dinâmica bem parecida de “Crepúsculo”, além de demônios e bruxos como em “Harry Potter”. E de quebra chupam de “Star Wars” o dilema familiar do filme. Em determinada hora, dava para esperar a frase “Luke, eu sou seu pai” vindo do vilão bola da vez, Valentine (Jonathan Rhys Meyers de “Albert Nobbs“).

E com tantos elementos, acontece o óbvio: não dá pra explicar tudo, então o espectador vai ter que engolir, pra citar algumas cenas, o porque Clary consegue escrever feitiços que não estão em parte alguma ou como um personagem foi mordido por um vampiro e não acontece nada a não ser melhorar a sua vista (numa cena praticamente copiada e colada do primeiro “Homem Aranha” de Sam Raimi) ou ainda algumas cenas de luta surreais onde nossos heróis conseguem vencer adversários em número infinitamente maior e com maiores poderes. E a autora pelo menos inovou, talvez assistindo as novas brasileiras, pois até paixão gay se faz presente na obra.

O que sobra são ótimos efeitos especiais e uma história que talvez faça mais sentido no livro, pois os longos 130 minutos de filme ainda foram curtos para destrinchar grande parte dos fatos. Talvez a sua continuação (sim, vem aí “A Cidade das Cinzas”) faça com que vejamos este “Instrumentos Mortais: A Cidade dos Ossos” com outros olhos. Contudo, por enquanto, o resultado ainda é uma miscelânea de elementos batidos e mal embalados que pelo menos podem guardar a esperança de um futuro melhor para a franquia.

Ficha Técnica

Elenco:
Lily Collins
Jamie Campbell Bower
Kevin Zegers
Jemima West
Robert Sheehan
Robert Maillet
Kevin Durand
Godfrey Gao
Lena Headey
Harry Van Gorkum
CCH Pounder
Jared Harris
Jonathan Rhys Meyers
Aidan Turner

Direção:
Harald Zwart

Produção:
Don Carmody
Robert Kulzer

Fotografia:
Geir Hartly Andreassen

Trilha Sonora:
Atli Örvarsson

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