Morbius

Morbius” é um filme que tem pressa. Pressa não se sabe para que, mas tem.

Jared Leto que já havia embarcado na furada do seu Coringa no primeiro “Esquadrão Suicida”, tenta mais essa chance, agora na Marvel, ops, Sony, que, sem ter seus heróis na mão, insiste em transformar vilões em anti-heróis.

Michael Morbius tem uma doença incurável em seu sangue e através da mistura de sangue humano com o de morcego vira uma criatura sedenta de sangue. Mas do bem… porque sim.

O roteiro é tão clichê que com 5 minutos de filme, você já consegue descobrir como vai terminar. Sério. Tá na cara que o melhor amigo de Morbius na infância e que também tem a mesma doença, Milo (Matt Smith de “Noite Passada em Soho”), vai por as mãos no soro para virar o vilão, por exemplo.

Só que o cineasta Daniel Espinosa de “Vida” parece ter quisto se livrar desse filme o quanto antes, pois além de picotar a narrativa com edições rápidas a cada 30 segundos (lembra o ruim “Star Wars – A Ascenção Skywalker”), os eventos acontecem sem o mínimo desenvolvimento.

Do nada, Morbius vira a criatura. Do nada os melhores amigos viram inimigos – e pior, é um relacionamento que não dá pra entender e o espectador fica sem entender até o final. Do nada, existe um interesse amoroso e rola um beijo sem nunca se ter criado alguma tensão sexual. É aquele beijo mais fácil que em micareta. E do nada, o interesse amoroso é deixado de lado, porque… o diretor precisa fazer o filme andar, ou melhor, correr.

A gente sabe que deu ruim quando algumas cenas do trailer não aparecem no filme e são MELHORES do que as que ficaram na edição final. Por exemplo, “Venom” é citado duas vezes, uma de forma indireta e outra de forma direta que é a do trailer, só que a cena é diferente e ficou forçada demais. O Abutre (Michael Keaton de “Homem-Aranha: De Volta Para Casa”) também aparece no trailer numa cena que não está no filme e no trailer faz mais sentido.

Inclusive o roteiro esquece da “promessa” que Morbius faz no último ato de acabar com tudo de uma vez e as cenas pós-créditos são interessantes, mas, principalmente a última, bastante fora de contexto. Fora que podiam ter caprichado um pouquinho mais na violência gráfica para uma criatura como essa.

O que mais incomoda é que a história, apesar de óbvia, é boa. Poderia existir um arco para o desenvolvimento do personagem, bem como dos coadjuvantes. Mas preferiram simplesmente jogar a trama na cara do espectador de qualquer jeito e de uma forma que ninguém nem se importa com quem vive ou morre ou beija.

Morbius” passa uma sensação nula: o público sai do jeito que entrou sem nem esperar que haja uma continuação que, desfecho, já está obviamente engatilhada. Sangue desperdiçado.

Curiosidades:

– A menção indireta a Venom é na cena em que o policial fala sobre “aquela coisa” que aconteceu em São Francisco. Isso inclusive já sinaliza que “Morbius” não se passa no multiverso do MCU.
– A primeira vez que Morbius aparece no cinema foi rapidamente numa cena deletada de “Blade” (1988) disponível apenas em DVD.
– O nome do navio em que Morbius conduz sua experiência é Murnau em homenagem a F.W. Murnau, diretor do clássico Nosferatu.
– Há uma cena em que Morbius fala “Você não quer me ver com fome”. É uma homenagem à famosa frase do Hulk “Você não quer me ver com raiva”.
– Em outra cena, Milo diz “Isso não é uma maldição, mas um dom”, que é a mesma frase que o Duende Verde fala em “Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa”.
– Há diversas cenas no trailer que não apareceram no corte final, demonstrando a incapacidade de decisão de seus realizadores.

Ficha Técnica

Elenco:
Jared Leto
Matt Smith
Adria Arjona
Jared Harris
Al Madrigal
Tyrese Gibson
Zaris-Angel Hator
Joe Ferrara
Charlie Shotwell
Joseph Esson

Direção:
Daniel Espinosa

Produção:
Avi Arad
Lucas Foster
Matt Tolmach

Fotografia:
Oliver Wood

Trilha Sonora:
Jon Ekstrand

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