Só é preciso olhar o poster da nova animação da Pixar para entender a protagonista é uma menina japonesa, Meilin que vira um panda vermelho.
Há uma cena logo após a primeira transformação em que a sua mãe, ainda sem saber o que houve, oferece absorventes pensando que seria a primeira menstruação de sua filha. E é justamente essa a grande sacada da história: é sobre a transição para a adolescência, quando a pessoa começa a se aproximar mais dos amigos e se afastar dos valores dos pais e como isso gera um conflito interior, o qual pode ser lidado de várias formas, algumas melhores que as outras. Em essência, “Red” lembra bastante o sensacional “Divertida Mente” que também trata do mesmo tema com uma abordagem completamente diferente.
O filme também é sobre se tornar um adulto, mas ainda ter cicatrizes de problemas antigos com seus pais (nesse caso, mãe). Tudo isso na simbologia desse panda vermelho, já que a família de Meilin vem de uma linhagem mística onde, a garotinha vai saber mais tarde, essa transformação é uma tradição familiar. Então a família precisa fazer um ritual na próxima lua vermelha para aprisionar o panda num medalhão para que Meilin volte à sua vida normal. Só que a lua ainda vai demorar algumas semanas a chegar, o que vai causar uma série de confusões.
Sem querer detalhar mais as ótimas analogias que a produção faz com a passagem para a vida adolescente ou adulta, o que mais se ressalta é a técnica de animação empregada: ao contrário da maioria do gênero, “Red” captou perfeitamente os movimentos dos adolescentes e é uma delícia ver as personagens se movendo e se mexendo de forma despojada, como se ainda estivessem conhecendo o seu corpo. Mais ainda, a influência das animações japonesas é nítida aqui com referências explícitas e que casam perfeitamente com o contexto da história.
Como todo ótimo e consistente roteiro da Pixar, o desfecho consegue amarrar todas as pontas, ter sua parcela de emoção e ainda trazer uma ótima lição sobre crescimento.
“Red” consegue tratar de um tema importante e delicado de forma acessível, mas sem se esconder, e ainda proporciona uma ótima diversão para crianças e adultos. É a Pixar, gente!
Curiosidades:
– As estátuas na entrada do templo japonês que a família de Meilin cuida foram batizadas como Bart e Lisa em homenagem aos Simpsons.
– O caminhão do Pizza Planet (easter egg da Pixar) pode ser visto na rua quando Meilin está saltando para chegar no estádio.
– Outro easter egg da Pixar, a famosa bola, pode ser vista na piscina na festa de aniversário de Tyler.
– A música cantada pela boy band 4-Town na animação foi composta por ninguém menos que Billie Eilish e seu irmão Finneas, ambos vencedores do Oscar por “007 – Sem Tempo Para Morrer”.
– O número 4 é tido como número de má sorte no filme. É o mesmo na cultura chinesa, pois a pronúncia de 4 em mandarim e cantonês se assemelha à palavra morte.
– O apelido de Meilin é Mei-Mei que significa “Irmãzinha” em mandarim.
– Há uma cena onde aparece um restaurante chamado Bao. Bao é um curta-metragem da Pixar dirigida pela mesma Domee Shi de “Red”.
– Os ingressos para a banda 4-Town apresentam outro easter egg da Pixat, o código A113, a sala da universidade onde os fundadores da Pixar estudaram.
– A data da lua vermelha no filme (26 de maio de 2002) foi realmente a data na realidade.
– O skate de uma das amigas de Meilin tem um adesivo do Buzz Lightyear.
– O livro de uma das amigas de Meilin é uma paródia da saga “Crepúsculo”.
– A escola onde a protagonista estuda, Lester B Pearson, existe de verdade no Canadá.
– Apesar da banda 4-Town não existir, todos que interpretam seus personagens são cantores profissionais.
– A inspiração do desenho dos membros do 4-Town foi uma mistura dos Backstreet Boys com os shows do NSYNC.
Ficha Técnica
Elenco:
Rosalie Chiang
Sandra Oh
Ava Morse
Hyein Park
Maitreyi Ramakrishnan
Orion Lee
Wai Ching Ho
Tristan Allerick Chen
Lori Tan Chinn
Mia Tagano
Sherry Cola
Lillian Lim
James Hong
Jordan Fisher
Finneas O’Connell
Topher Ngo
Grayson Villanueva
Josh Levi
Sasha Roiz
Addison Chandler
Lily Sanfelippo
Direção:
Domee Shi
Produção:
Lindsey Collins
Fotografia:
Mahyar Abousaeedi
Jonathan Pytko
Trilha Sonora:
Ludwig Göransson