Maestro

Dos filmes que concorrem às premiações, principalmente o Oscar, há aqueles que parecem ter sido feitos muito mais para ganhar prêmios do que para contar a história. O que não quer dizer que sejam piores ou menos merecedores. Muitas vezes não abocanham quase nenhuma estatueta, mas participa bem e com dignidade.

Maestro” tem todos os trejeitos de estar nessa categoria, com Bradley Cooper, que já tinha feito um ótimo trabalho como diretor e ator em “Nasce Uma Estrela” e volta na mesma dobradinha e coincidentemente com uma história que envolve música.

Ele é Leonard Bernstein, famoso pianista que era conhecido por suas preferências por homens, mas que em 1946 conheceu a então aspirante à atriz Felicia Montealegre (Carey Mulligan de “Ela Disse”) e assim viveu um amor avassalador num casamento de 25 anos e 3 filhos com seus altos e baixos, e idas e vindas.

A narrativa é dividida muito bem na subida para o auge da vida do protagonista em preto e branco, e então na derrocada emocional, quando o filme assume cores, fazendo assim uma ótima analogia entre o idealizado ou romântico e o real. Tanto que é perceptível a primeira parte muito mais trabalhada com momentos musicais e transições surreais, enquanto a segunda é filmada de maneira bem mais tradicional.

A dupla de protagonistas está corretíssima e Cooper está quase perfeito como Bernstein que oscila entre um amor incondicional e a prisão de sua sexualidade o que o torna infeliz. Sem falar do consumo de cigarros que deve ter se aproximado de um câncer de pulmão nos dois artistas, em especial Cooper que simplesmente não fazia quase nenhuma cena sem fumar.

Tudo parece tão no lugar que para olhos mais técnicos, acaba sendo forçado. Por exemplo: é possível um cinéfilo descobrir sem dificuldade quais cenas serão exibidas no Oscar quando anunciarem os concorrentes de cada categoria a qual “Maestro” participa. Mais uma vez: é do jogo e não desabona em nada a produção, mas não deixa de ser irônico.

Destaque para Matthew Libatique de “A Baleia” que deu um show na fotografia da obra, inclusive com decisões artísticas disruptivas e assertivas junto com Cooper, como a mudança das cores, a saturação e o formato de tela.

Maestro” realizou seu desejo de ir para as principais premiações do cinema com toda justiça do mundo, mas com muita técnica e menos história. Dá uma ótima análise cinéfila.

Curiosidades:

  • Primeira produção conjunta de Steven Spielberg e Martin Scorcese. Era para Spielberg dirigir o filme, mas quando viu “Nasce uma Estrela” se encantou por Copper e o chamou para dirigir.
  • Cooper passou 6 anos aprendendo a conduzir uma orquestra para a cena que dura 6 minutos conduzindo Mahler’s Symphony no 2: Resurrection. Ele disse que se focou numa única performance de Bernstein para aprender.
  • Poucos sabem, mas Leonard Bernstein era poliglota e um dos motivos de seu sucesso, além do talento, era o fácil trânsito com pessoas de vários países.
  • A maquiagem para Carey Mulligan ficar velha fez ela ficar parecidíssima com sua mãe. Seus filhos ficaram assustados e odiaram.
  • A última frase do filme é a última frase de uma composição de Bernstein chamada “Cândida”
  • Há uma parte da história que teve uma pesada licença poética de roteiro. No filme, após a última separação, o casal volta e depois descobrem que Felicia tem câncer. Na realidade, eles só voltaram porque descobriram que ela estava com câncer.

Ficha Técnica:

Elenco:
Carey Mulligan
Bradley Cooper
Matt Bomer
Vincenzo Amato
Greg Hildreth
Michael Urie
Brian Klugman
Nick Blaemire
Mallory Portnoy
Sarah Silverman
Kate Eastman

Direção:
Bradley Cooper

História e Roteiro:
Bradley Cooper
Josh Singer

Produção:
Fred Berner
Bradley Cooper
Amy Durning
Kristie Macosko Krieger
Martin Scorsese
Steven Spielberg

Fotografia:
Matthew Libatique

Trilha Sonora:
Leonard Bernstein

Avaliações dos usuários

Não há avaliações ainda. Seja o primeiro a escrever uma.

Avalie o filme

Share on whatsapp
Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on email
Share on telegram