Império da Luz (“Empire of Light”)

Depois de fazer o premiadíssimo “1917” como um retrato visceral da 1ª Guerra Mundial, o diretor Sam Mendes vai para o lado oposto e conta uma belíssima história que une o ser humano e o cinema.

A produção conta com três grandes trunfos: o primeiro é a protagonista, ninguém menos que Olivia Colman de “A Filha Perdida”, sensacional no papel de Hilary, uma gerente de um grande cinema que já viveu dias melhores, que sofre de depressão e vive uma vida humilde, tendo que aguentar o constante assédio de seu chefe (Colin Firth de “Somente o Mar Sabe”), até que a chegada de um novo funcionário, o jovem Stephen (Micheal Ward de “The Old Guard”) vai chacoalhar seu maltratado coração. Só que além de bem mais jovem que ela, Stephen é negro, onde no início da década de 80 nessa cidadezinha tradicional da Inglaterra, era um grande problema devido ao racismo estrutural.

O segundo trunfo é de como Mendes estabelece a conexão entre os personagens e o cinema, fazendo com que ele – o cinema – seja um personagem tão importante quanto todos os outros. O ciclo emocional sobre o cinema é tão poderoso que há uma cena belíssima que poderia ter servido como última cena, em que o projetista vivido por Toby Jones de “O Milagre” deixa a sua cabine enquanto passa um filme na tela. Talvez meu único incômodo com esse trabalho de Sam Mendes foi ele ter estendido um pouco mais essa história que teria ficado mais enxuta se terminado lá.

O terceiro trunfo foi a trilha sonora da dupla Trent Reznor e Atticus Ross de “Até os Ossos”. Eles tem uma versatilidade e criatividade infindáveis, e aplicam aqui uma emocionante série de composições que deve mexer bastante com o espectador, bem como fazer parte intrínseca da narrativa.

Império da Luz” dá espaço para discussão de vários temas relevantes, coloca o cinema como o sonho de experiência que merece ser, tudo isso contado com emoção nas atuações e reflexões. Recomendadíssimo.

Curiosidades:

  • O cinema onde se passa o filme existe de verdade e se chama Dreamland na cidade britânica de Margate, aberto em 1923 até seu fechamento em 2007. Por razões políticas, desde então foi proibido sua demolição, só podendo ser revogado pelo parlamento inglês.
  • A palavra que resolve as palavras cruzadas que o projetista está fazendo vem do poema de T.S. Elliot “The Waste Land” de 1922.
  • O filme que Hilary assiste no terceiro ato é “Muito Além do Jardim” de 1979.
  • Três filmes aparecem nos posters de “Em Cartaz” do cinema: “Irmãos Cara de Pau” de 1980 e “O Show Deve Continuar” de 1979 e “O Dia do Gafanhoto” de 1975.
  • O disco de vinil que Hilary dá de presente para Stephen se chama “WHA’PPEN?” da banda The Beat.

Ficha Técnica:

Elenco:
Olivia Colman
Micheal Ward
Colin Firth
Toby Jones
Tom Brooke
Tanya Moodie
Hannah Onslow
Crystal Clarke
Monica Dolan
Ron Cook
Sara Stewart
Justin Edwards
Roman Hayeck-Green

Direção:
Sam Mendes

História e Roteiro:
Sam Mendes

Produção:
Pippa Harris

Fotografia:
Roger Deakins

Trilha Sonora:
Trent Reznor
Atticus Ross

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