Halloween

Às vezes, há alguns psicopatas que não nos deixam em paz. Só que nesse caso é o inverso: os produtores não deixam alguns psicopatas em paz e ficam fazendo sequencias, reimaginações, remakes e afins para exaurir ao máximo o potencial financeiro de uma franquia. Aliás, na parte financeira, este novo Halloween acerta em cheio: é o maior sucesso de bilheteria da franquia e mal estreou.

A produção ignora todas as demais, sendo uma continuação direta do primeiro “Halloween” de 1978 feito pelo mestre John Carpenter (que aqui é creditado como compositor e produtor executivo): 40 anos depois, Michael Myers escapa durante a sua transferência entre instituições de segurança e vai atrás de sua irmã, Laurie Strode (Jamie Lee Curtis já com 60 anos). Só que agora ela tem uma filha (Judy Greer de “Wilson”) e uma neta (a desconhecida e bonitinha Andi Matichak) e terá que protege-las a todo custo.

O diretor David Gordon Green (“O que Te Faz Mais Forte”) quis prestar uma grande homenagem ao “Halloween” original desde os créditos iniciais, passando pela trilha do próprio Carpenter que remete ao fim dos anos 70, até mesmo cenas que são praticamente espelho de algumas do clássico, mas com interessantes inversões: a cena onde Allyson (a neta) vê sua vó pela janela da sala de aula espelha quando no original, Laurie vê Michael exatamente do mesmo ângulo; a cena em que Laurie sai das sombras pra surpreender Michael espelha a mesma coisa no original só que invertendo os papéis; a cena em que Michael derruba Laurie na grama e quando ele vê, ela não está mais lá espelha quando, no original, Dr. Loomis derruba Michael na grama e quando ele vê, o serial killer não está mais lá; Ou quando duas crianças esbaram em Michael na rua; e por aí vai.

Além da nostalgia que se traduz em lembrança e arte – já que clássico é aclamado – há algumas boas cenas de violência explícita e mortes que vão fazer os fãs de terror pularem de alegria.

Por outro lado, o roteiro força a barra inúmeras vezes e chega quase a insultar a inteligência do espectador, tamanha é a ignorância do racional (ou irracional) dos personagens. Alguns aparentemente pedem pra morrer. Inclusive, a estratégia das heroínas é meio absurda e não se justificaria em sã consciência. Só que convenientemente, o psicopata nunca escolhe matar primeiro a(s) mocinha(s) que sempre conseguem escapar até o confronto final. Outra coisa é que Michael parece flutuar, pois não faz nenhum barulho mesmo numa casa feita de madeira, onde, no último ato, Laurie caminha com passos cuidadosos e ainda assim, emite fortes ruídos. Na verdade, há uma série de crateras narrativas e algumas foram feitas com anuência dos realizadores. Cabe ao espectador decidir o que ele vai engolir.

“Halloween” é desnecessário, mas bastante razoável se compararmos a outras sequencias. Tem um bom humor que não atrapalha a tensão que, ainda assim, poderia ser mais bem trabalhada. Vale a pena, mas vale mais a pena ver os dois primeiros filmes dirigidos por John Carpenter.

Curiosidades:

– Essa é a quinta linha narrativa alternativa da franquia. Temos:
— Halloween –> Halloween 2 –> Halloween 4 –> Halloween 5 –> Halloween 6
— Halloween 3 (único filme sem Michael Myers e com uma história sem nenhuma relação com a franquia)
— Halloween –> Halloween 2 –> H20 –> Halloween: A Ressurreição
Halloween –> Halloween II (Dirigido por Rob Zombie e fora da franquia original)
— Halloween –> Halloween (2018, este filme)

– Desde que franquia completou 10 anos, foi lançado um filme para “celebrar” a data a cada 10 anos:
— 1988: Halloween 4
— 2008: H20
— 2018: Halloween (este filme)

– O dia de lançamento do filme nos EUA é o dia do aniversário de Michael Myers.
– Há uma cena onde um noticiário reporta Michael como O Assassino de Babás. Esse era o título do filme de 1978 antes de mudarem para Halloween.
– O produtor é filho do produtor do clássico, o qual morreu em 2005 num atentado terrorista no Oriente Médio.
– Há uma cena em que uma personagem brinca com uma criança perguntando se ela está com medo de algum boneco assassino. É uma piada com o Chucky de “Brinquedo Assassino”.
– Dois atores interpretam Michael Myers: um deles é o mesmo de 40 anos atrás, no clássico de 1978. Nick Castle tem atualmente 70 anos e fez as cenas mais leves que não exigiam esforço físico.
– Tal qual no original, Michael Myers é listado nos créditos finais como “A Forma”, que é o conceito que Carpenter atribuiu a ele em 1978: nem sobrenatural, nem humano.
– Os autores apelidaram Jamie Lee Curtis de Grambo, mistura de Grandma (avó em inglês) com Rambo.
– A icônica máscara é uma mascara do Capitão Kirk de Star Trek (William Shatner) customizada: alargada, pintada de branco e com uma peruca.
– Há uma rápida cena pós créditos.

Ficha Técnica

Elenco:
Jamie Lee Curtis
Judy Greer
Andi Matichak
James Jude Courtney
Nick Castle
Haluk Bilginer
Will Patton
Rhian Rees
Jefferson Hall
Toby Huss
Virginia Gardner
Dylan Arnold
Miles Robbins
Drew Scheid
Jibrail Nantambu

Direção:
David Gordon Green

Produção:
Malek Akkad
Bill Block
Jason Blum

Fotografia:
Michael Simmonds

Trilha Sonora:
Cody Carpenter
John Carpenter
Daniel A. Davies

Avaliações dos usuários

Não há avaliações ainda. Seja o primeiro a escrever uma.

Avalie o filme

Share on whatsapp
Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on email
Share on telegram