https://www.youtube.com/watch?v=N_Iw-s3wewY
Um filme que consegue pegar uma premissa totalmente absurda e fazer parecer coerente já é um grande feito. Olha a loucura: um submarino americano é abatido em águas russas e os EUA pensam que foi a Rússia; um submarino russo explode e toda a Rússia pensa que foi os EUA. Ambos começam a ser armar. Nesse impasse se descobre que na verdade foi o ministro da defesa russo que traiu o país e fez o presidente de refém.
Daí os americanos enviam um submarino capitaneado por Joe Glass (Gerard Butler de “Covil de Ladrões”) e uma equipe de solo liderada por Beaman (Toby Stephens de “13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi”) para salvar o presidente russo das garras de seu ministro traidor.
Se a trama é bem maluca, o diretor iniciante Donovan Marsh cuidou para que todos os demais detalhes fossem o mais realistas possíveis: ele não economiza nos termos técnicos, sejam eles de origem náutica, militar ou política para elevar o nível de conteúdo da ação, o que é bom pelo lado do realismo, mas pode confundir o espectador de vez em quando, até porque as viradas de cena são muito dinâmicas.
Elas se dão em basicamente três ambientes: o submarino de Glass, o QG russo onde os soldados americanos vão tentar extrair o presidente e o QG americano onde a palavra maior vem do General Donnegan (o premiado Gary Oldman de “O Destino de Uma Nação”). Até nas sequencias do QG americano onde se passam apenas discussões políticas, a produção consegue dar um ótimo ritmo com rápidas edições e diálogos afiados sem parecer nauseante, como fazia o falecido cineasta Tony Scott.
Por outro lado, há um claro e desnecessário desequilíbrio entre os três cenários, onde dois deles são encabeçados por atores de ponta – Butler e Oldman – e o outro por um coadjuvante, Stephens, que está ótimo no papel, mas não tem o peso dos outros dois. Ocorre que as cenas da selva são tão importantes do que as demais e até mais importantes que as do QG americano. Isto é, desperdiçaram Oldman num papel que poderia ter sido feito por qualquer outro coadjuvante e apagaram a importância do agente Beaman que – repetindo: mesmo que tenha sito muito bem interpretado por Stephens – poderia cair nas mãos de um ator mais conhecido.
A ação é eletrizante, a fotografia consegue ser coerente com a cenografia, mostrando a vastidão da selva, a claustrofobia do submarino, entre outros méritos, e os demais elementos técnicos e condução se juntam para uma experiência que faz as duas horas passarem rápido e ainda amarram todas as pontas da história.
“Fúria em Alto Mar” consegue entregar para o espectador uma história maluca numa embalagem factível e foca numa narrativa cheia de ação e tensão que funciona no final. Quem diria…
Curiosidades:
– Gerard Butler e o diretor Donovan Marsh passaram 3 dias num submarino militar americano entendendo todo o funcionamento e linguagem técnica utilizada, e dormiam onde a tripulação dormia.
– Um dos últimos filmes de Michael Nyqvist (“Frank & Lola: Amor Obsessivo“), que interpreta o capitão do submarino russo, antes de sua morte em 2017.
– Um dos nomes que o capitão russo fala quando se comunica com o navio destroyer endereçando a cada um de seus tripulantes no último ato é de Captain Andropov. É uma singela homenagem ao ator Harrison Ford que foi protagonista de K-19: The Widowmaker de 2002 com exatamente esse nome e sobrenome.
Ficha Técnica
Elenco:
Gerard Butler
Gary Oldman
Toby Stephens
Common
Linda Cardellini
Michael Nyqvist
Corey Johnson
Adam James
Carter MacIntyre
Shane Taylor
Kola Bokinni
Mikey Collins
Will Attenborough
Kieron Bimpson
David Gyasi
Michael Jibson
Christopher Goh
Sarah Middleton
Taylor John Smith
Gabriel Chavarria
Michael Trucco
Ryan McPartlin
Zane Holtz
Alexander Diachenko
Yuri Kolokolnikov
Michael Gor
Ilia Volok
Stefan Ivanov
Caroline Goodall
Direção:
Donovan Marsh
Produção:
Gerard Butler
Mark Gill
Toby Jaffe
Neal H. Moritz
Matthew O’Toole
Alan Siegel
John Thompson
Tucker Tooley
Les Weldon
Fotografia:
Tom Marais
Trilha Sonora:
Trevor Morris