O filme é baseado no Movimento Democrático de Gwangju, conhecido também como o massacre de Gwangju quando, após o golpe de Estado na Coréia do sul em 1979 pelo então ditador General do Exército da República da Coreia Chun Doo-hwan, estudantes e professores fizeram insurreições por todo o país e o exército respondeu com truculência deixando centenas de mortos.
Um dos pontos mais retratados na história foi a cidade de Gwangju. O motivo desse destaque é a história: o super competente ator coreano Kang-ho Song (“O Expresso do Amanhã”) é Kim, um motorista de mesquinho – com uma triste história por trás – que deve a todo mundo e chega a roubar um corrida de um colega só porque ela pagaria bem. Só que essa corrida foi contratada pelo repórter Peter (Thomas Kretschmann de “Hitman – Agente 47”) e eles vão direto para Gwangju, sem Kim saber o que estava se passando. Chegando lá, ele se arrepende, mas é tarde demais.
O que chama mais atenção nessa belíssima obra é que ela começa quase como uma comédia, num clima alegre e quase festivo e vai ficando cada vez mais denso e pesado e entrando cada vez mais no psicológico dos personagens até chegar num ponto onde o espectador já se envolveu totalmente com a narrativa e seus personagens. Poucas produções conseguem trilhar um caminho tão consistente numa direção tão surpreendente.
As performances de todo o elenco, inclusive os coadjuvantes menos importantes são tocantes e mesmo com uma cultura tão diferente de se demonstrar sentimentos como a oriental, o desempenho deles foi universal. Difícil é se segurar no último ato, principalmente quando se entende o quão real foi o relato. Aliás, a cena final e a cena antes dos créditos são de partir o coração.
O diretor cuida de tudo no detalhe. Por exemplo, ele nos situa no tempo através de um carimbo de passaporte, além de ser meticuloso ao comandar cenas externas que envolvem violência usando a câmera em ótimos enquadramentos para dar o melhor efeito dramático sem ser apelativo. Os aspectos técnicos estão todos impecáveis com uma trilha que vai do cômico ao dramático de forma orgânica e emocionante.
“O Motorista de Taxi” é um exemplar belíssimo e obrigatório para todos os gostos e demonstra uma bela lição de como adaptar fatos com o máximo de veracidade sem ser chato ou apelativo.
Curiosidade:
– O filme foi banido da China por mostrar uma insurreição contra um exército armado de tanques.
Ficha Técnica
Elenco:
Kang-ho Song
Thomas Kretschmann
Hae-jin Yoo
Jun-yeol Ryu
Hyuk-kwon Park
Gwi-hwa Choi
Direção:
Hun Jang
Produção:
Eun-Kyung Park
Trilha Sonora:
Young-wook Jo