Bruna Surfistinha

Como o mundo muda. Se fosse lançado há 30 anos, “Bruna Surfistinha” amargaria a condição decadente de produção da famosa boca do lixo nacional. Mas na atual conjuntura, já arrebatou mais de 1 milhão de espectadores e virou fashion. Lógico que por trás disso existiu um bom esquema de marketing. E nenhum melhor do que misturar internet e sexo na mesma panela.

Baseado na autobiografia de Raquel Pacheco (a Bruna), “O Doce Veneno de Escorpião“, conhecemos a protagonista, interpretada por Deborah Secco, a qual eleva o nível de beleza do filme à quase uma ficção científica (basta comparar). Segue os passos da muito fumante e pouco santa Raquel que, segundo a produção nos mostra, por puro egoísmo decidiu seguir o que ela acreditava ser o clichê de vida fácil. Daí, entre seus deliciosos seios e um corpo malhado, mostra a ascensão e queda da garota de programa, passando pelo grande idéia do blog e pelas drogas como se era de esperar.

Tecnicamente o filme consegue atingir um nível de excelência bastante razoável, mesmo que ainda caia nos enquadramentos novelescos. O maior destaque vai para a fantástica seleção musical, não só pela qualidade em si, mas por equacionar exatamente o sentimento mostrado na tela. Com um bom elenco coadjuvante, só o fato de não ter ninguém sendo canastrão, já coloca mais um ponto positivo. Quem rouba as poucas cenas em que aparece é a sempre ótima Drica Moraes.

Mesmo fazendo questão de mostrar uma nudez frontal sempre que pode, consegue ser pesado na medida certa, sendo as cenas de sexo muito bem coreografadas. Por outro lado, falha miseravelmente em manter uma estrutura narrativa, principalmente rumo ao final, tornando-se episódico demais e excluindo partes importantes da vida de Bruna, como sua breve incursão no cinema pornô.

Bruna Surfistinha” vale bem menos pelo filme em si e mais pelo que representa: uma montagem ficcional de algo que aconteceu, mas com bastante liberdade criativa. Mesmo assim, nada que seja épico ou histórico. Puro oportunismo, mas com a equação Sexo + internet, uma combinação que nessa geração (incluindo a da Bruna), parece ser infalível. Só falha como cinema.


Ficha Técnica

Elenco:
Deborah Secco
Drica Moraes
Cássio Gabus Mendes
Fabíula Nascimento
Cristina Lago
Erika Puga
Simone Illiescu
Brenda Ligia
Juliano Cazarré
Guta Ruiz
Clarisse Abujamra

Direção:
Marcus Baldini

Produção:
Rodrigo Letier
Roberto Berliner
Marcus Baldini

Fotografia:
Marcelo Corpanni

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