A Menina que Matou os Pais / O Menino que Matou Meus Pais

Escolhi passar mais um dia sem postar a crítica do primeiro filme porque achei (e acertei) que a experiência de ver os dois filmes em sequência me faria chegar à conclusão de que uma resenha para as duas produções bastaria.

O diretor Mauricio Eça tentou um artifício narrativo que funcionou mais como uma jogada de marketing: repartiu a história em dois filmes, um narrando o testemunho de Suzane von Richthofen e outro, o de Daniel Cravinhos, interpretados respectivamente por Carla Diaz e Leonardo Bittencourt, num dos casos que chocou a população brasileira quando o casal, mais o irmão de Daniel planejaram e a marretadas os pais de Suzanne que não aprovavam o namoro dela.

A jogada de Eça acabou saindo pela culatra, pois o plano era que o espectador pagasse dois ingressos para ver as duas versões, porém devido à pandemia, ambos os filmes acabaram sendo exibidos no streaming o que diminuiu consideravelmente o apelo financeiro. E para ser honesto, dois filmes que tem duração de menos de 90 minutos poderiam mesmo ser enxugados facilmente em apenas um filme com uns 2 horas mais ou menos.

Falando do que interessa, é possível entender que a obra foi filmada de uma vez só com cenas que eram feitas em versões diferentes para depois serem separadas para cada um dos filmes. A coordenação e organização foram muito bem preparadas e ambos tem uma sincronia de acontecimentos que ajuda o espectador a entender o desenrolar dos fatos narrados pelos protagonistas.

Se por um lado o roteiro é eficiente em montar cada versão como “estritamente” o testemunho de Suzane e Daniel, por outro deixa várias lacunas que seriam mais facilmente preenchidas se houvesse uma visão mais holística do caso (por exemplo: e o irmão de Suzane, onde ele se encaixa no testemunho?). Sendo assim, o espectador sai com mais dúvidas do que certezas, até porque as versões divergem fortemente em alguns pontos (fato, e não roteiro).

Outro ponto foi a falta de exposição de momentos decisivos, principalmente no dia, onde os autores pretenderam amenizar o impacto de algumas cenas, deixando o clímax para montagens ao som de rock pesado, revezando com flashbacks e que, apesar de passarem a mensagem, poderia ter sido mais explícito e enfático.

O elenco estava mediano, muitas vezes cruzando a linha do estereótipo caricatural ou flertando com a canastrice, onde a dupla de protagonistas suou para tentar ser verossímil (e nem sempre conseguindo), enquanto há destaques no elenco coadjuvante como Allan Souza Lima que interpreta Cristian Cravinhos e de longe o melhor em cena ou o ótimo Augusto Madeira como o Pai de Daniel.

A experiência das duas produções é satisfatória, mas encontra muitas oportunidades de melhoria que não foram aproveitadas e com algumas abordagens equivocadas.

Ficha Técnica

Elenco:
Leonardo Bittencourt
Carla Diaz
Allan Souza Lima
Vera Zimmermann
Leonardo Medeiros
Augusto Madeira
Debora Duboc
Kauan Ceglio
Gabi Lopes
Fernanda Viacava
Taiguara Nazareth
Bruna Carvalho

Direção:
Mauricio Eça

Produção:
Marcelo Braga
Gabriel Gurman

Fotografia:
Jacob Solitrenick

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