A Chamada (“Retribution”)

Não sei o quanto do original foi preservado nesse remake americano, mas nunca vi uma história tão besta e óbvia conseguir ter 3 readaptações: o original espanhol chamado “O Desconhecido” de 2015 foi readaptado em 2018 como “Direção Explosiva” na Alemanha, em 2021 como “Ligação Explosiva” na Coréia do Sul, e agora nos EUA como “A Chamada”, dessa vez com Liam Neeson de “Nosso Amor” sob a direção de Nimród Antal de “Predadores”.

Neeson é Matt um daqueles executivos de fundos de investimento agressivos que vai deixar os filhos na escola e recebe a ligação de um terrorista dizendo que há uma bomba no seu assento e que se ele se levantar, o carro explode. Então ele terá que obedecer ao vilão, deixando um rastro de destruição e ainda sendo o principal suspeito pelas ações terroristas.

Descobrir quem é o vilão é quase um teste psicotécnico de trânsito de tão fácil. Há uma cena que praticamente joga na cara do espectador a identidade dele. Pior é quando ele se “revela” no último ato e faz um dos discursos de vilão mais idiotas de todos os tempos, envolvendo até uma babaquice sobre a darkweb.

Se este é um problema que estraga o final, há outro tão grande quanto que estraga o desenvolvimento: roteiro e direção não conseguem convencer o público de que a polícia realmente acha que Matt é o responsável. Da maneira como foi colocada a sequencia de eventos, não faria o menor sentido pensar esse tipo de coisa, apenas pelo carro dele ser visto passando no momento de outra explosão.

Mas o que é pior são os diálogos, principalmente quando o protagonista não consegue ser simplesmente direto e explicar que não foi ele. É tão mal escrito que tem horas que só falta ele mesmo se acusar na frente da agente da polícia. É surreal a maneira como a dinâmica entre Matt e a polícia é conduzida e ainda mais maluca é a decisão que nosso herói toma num determinado momento que é praticamente suicida. Se isso fosse um filme de terror, ele seria o primeiro a morrer.

O que o diretor Nimród Antal sabe fazer bem é conservar o ritmo para que uma trama que se passe praticamente dentro de um carro não fique monótona. O design de produção faz um bom trabalho e os efeitos especiais são discretos, mas bem feitos.

A Chamada” no início faz o espectador acreditar que Neeson pode voltar a fazer bons filmes de ação, mas a qualidade duvidosa do roteiro joga tudo no ralo. Nossos neurônios não mereciam isso.

Ficha Técnica:

Elenco:
Liam Neeson
Noma Dumezweni
Lilly Aspell
Jack Champion
Arian Moayed
Embeth Davidtz
Matthew Modine
Emily Kusche

Direção:
Nimród Antal

História e Roteiro:
Alberto Marini
Christopher Salmanpour

Produção:
Jaume Collet-Serra
Alex Heineman
Andrew Rona
Juan Sola

Fotografia:
Flavio Martínez Labiano

Trilha Sonora:
Harry Gregson-Williams

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