O brasileiro “7 Prisioneiros” disponível na Netflix mostra um retrato do trabalho escravo e do tráfego de pessoas que é comandado por figurões e se concentra na interessante dinâmica entre o dono e o escravo. De certa forma, lembra em essência outra produção nacional “Anjos do Sol” de 2006.
O ainda desconhecido Christian Malheiros é Mateus, menino pobre da roça que encontra a oportunidade de trabalhar em São Paulo junto com alguns de seus amigos. Quando chegam lá descobrem que não passa de um trabalho escravo num galpão de sucata chefiado pelo até então malvadão Luca, interpretado por um Rodrigo Santoro (“Power”) que aparece invariavelmente fumando para potencializar a decadência de seu personagem. Chega num ponto onde Luca e Mateus começam a desenvolver um relacionamento de parceria forçada que mexe com toda a dinâmica do grupo.
Com pouca movimentação de cenários, cerca de 70% do filme se passa dentro do galpão, então o diretor Alexandre Moratto lança mão do elenco para provocar as tensões no grupo e consegue estabelecer uma trama que parece verossímil do ponto de vista da situação de escravidão em que eles se encontram.
Há um grande clichê explorado em outras obras sobre como o dono (Luca) consegue personificar o mal, mas ao mesmo tempo captar a empatia de Mateus e assim também provocar a discórdia. Talvez o diferencial da história esteja em seu desfecho tanto simples sem ser simplório que mostra mais a realidade do que um glamour comercial ou edificante do que um roteiro de cinema poderia exibir.
“7 Prisioneiros” cumpre seu papel de entretenimento com mensagem, boa atuação de Santoro, direção sem percalços de Moratto e não deixa de ser um passatempo no mínimo relevante.
Ficha Técnica
Elenco:
Rodrigo Santoro
Christian Malheiros
Josias Duarte
Cecília Homem de Mello
Vitor Julian
Clayton Mariano
Lucas Oranmian
Bruno Rocha
Dirce Thomaz
Gabriela Yoon
Direção:
Alexandre Moratto
Produção:
Ramin Bahrani
Andrea Barata Ribeiro
Fernando Meirelles
Alexandre Moratto
Fotografia:
João Gabriel de Queiroz