13 Exorcismos

No início do último ato desse – meio que – terror espanhol, é revelado ao espectador a razão do título “13 Exorcismos”. Para a não surpresa de quem chegou até esse momento do filme, vai constatar de que é uma informação irrelevante como mais da metade da história.

Abraçando desavergonhadamente todos os piores clichês do gênero, vemos a adolescente Laura (a desconhecida María Romanillos) ser possuída por um espírito de um médico psicopata que por sua vez é possuído por um demônio numa casa mal-assombrada depois de uma travessura com amigos e a partir daí, passa a ser perseguida pela tal entidade até chegar no ponto de se fazer um exorcismo, ou melhor, quase 13 exorcismos.

O primeiro problema – que se desdobra em vários – é que até chegar no tal ponto do exorcismo, a trama é uma enrolação só. O diretor Jacobo Martínez não sabe fazer cenas de sustos, limitando-se a filmar em ambientes muito escuros onde nada se vê ou então revezar a profundidade de foco num mesmo enquadramento como se isso fosse suficiente para causar tensão no espectador. Os sustos são tão molengas e mal-feitos que parecemos estar diante de um drama ao invés de um terror.

Alguns personagens são chatos demais e chegam a dar raiva, como o pai de Laura ou sua psicóloga. Outros são previsíveis como o padre e sua assistente que parece mais parceira do demônio do que do padre. É uma dinâmica onde nada funciona bem e a dualidade que o roteiro tenta provocar entre o sagrado e a ciência (padre x psicóloga / mãe x pai) não sai do ponto morto.

O terceiro ato é o melhorzinho pela técnica usada nos rituais de exorcismo, mas os sustos continuam ruins, a previsibilidade ídem, inclusive com a parte do “vamos saber primeiro o nome do espírito para podermos tirá-lo do corpo dela“, e até o clímax, o qual não deixa de ser uma pequena boa reviravolta, perde força, além de um desfecho que vai do assustador ao desnecessário em segundos.

13 Exorcismos” é uma enrolação de clichês batidos, previsíveis e montados justamente porque não sabe fazer um filme de terror. Fuja como o diabo foge da cruz.

***Curiosidade – SPOILER: SÓ LEIA SE TIVER VISTO AO FILME (ou se decidir nem vê-lo)***

  • O filme é inspirado no caso real de um padre chamado Jesús Hernández Sahagún (que ironia esse primeiro nome) que foi detido durante o exorcismo de uma garota de 17 anos em 2014 e foi acusado de práticas de tortura, coerção, degradação, violência física e psicológica e indução ao suicídio. Contudo, ele não foi condenado. 5 anos, depois, em 2019, a garota cometeu suicídio.

Ficha Técnica:

Elenco:
María Romanillos
Ruth Díaz
Urko Olazabal
Silma López
Pablo Revuelta
Daniel Arias
Alícia Falcó
Uri Guitart
Cristina Castaño
José Sacristán

Direção:
Jacobo Martínez

História e Roteiro:
Ramón Campos
Salvador S. Molina
Gema R. Neira
David Orea
Carlos Ruano

Produção:
Ramón Campos
Teresa Fernández-Valdés
Mercedes Gamero

Fotografia:
Daniel Sosa Segura

Trilha Sonora:
Federico Jusid

Avaliações dos usuários

Não há avaliações ainda. Seja o primeiro a escrever uma.

Avalie o filme

Share on whatsapp
Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on email
Share on telegram