Venom

Ah, os saudosos anos 80… Quem viveu numa das melhores décadas para se formar ícones artísticos – como eu – experimentou várias inovações narrativas e estabelecimento de uma cultura cinematográfica pop que reverbera até hoje. Mas não teve jeito: quando se fala em super-heróis, pouquíssimos filmes daquela época vingaram, seja pela falta de tecnologia, mas principalmente pelo total descomprometimento do roteiro.

É com certa surpresa que Venom, que já conta com a desvantagem – por enquanto – de não pertencer ao MCU (Universo Cinematográfico da Marvel), ainda padeça desse descomprometimento em elementos básicos de roteiro.

Vejamos: Tom Hardy de “Lendas do Crime” é Eddie Brock, jornalista investigativo que está de olhos em experimentos que uma fundação com fins tecnológicos liderada por uma espécie de Elon Musk do mal chamado Drake (Riz Ahmed de “Star Wars: Rogue One”). Por sinal foi ele que achou o simbionte no espaço e está fazendo experiências em humanos. Eddie entra no laboratório que aparentemente não tem nenhuma câmera de segurança (uma falha absurda do roteiro) e acaba se contaminando com o Venom.

A produção que começa soturna, ganha ares de comédia principalmente pela relação entre Brock e Venom: Hardy parece ter incorporado o Didi Mocó para sua performance. Não que o humor seja ruim, mas a narrativa perde consistência principalmente porque a motivação do simbionte vai mudando até chegar um momento que o espectador não sabe mais o que esperar e nem porque há essa mudança de tom.

Como a censura é branda, o diretor Ruben Fleischer de “Caça Aos Gansgters” conseguiu um bom equilíbrio para a violência gráfica, mas ainda faltou um pouco mais de sangue, perto do que o personagem representa.

Existem boas cenas de ação, com exceção da última luta que repete o mesmo erro daquele descerebrado “Hulk” de 2013, onde a luta acontece de noite e não dá pra entender quase nada. Com o 3D é ainda um pouco pior, pois os óculos escurecem um pouco a tela. Aliás, o 3D foi totalmente desnecessário. Tanto que nem parecia existir. Falando nessa sequência, outra falha gravíssima do roteiro: se o problema era o foguete, porque não destruir o foguete logo de início ao invés de passar tanto tempo lutando? Porque daí não haveria clímax. Mas o filme pagou o preço de insultar a inteligência do espectador.

Ah, Michelle Williams (“Sexy por Acidente”) também tem uma participação ativa, mas forçada (e o botox não ajuda).

Venom” tem muitos defeitos, mas também tem um carisma que pode ajuda-lo a melhorar com o tempo. Longe de ser um desperdício, mas seria bom um novo time de roteiristas para tornar a história mais palatável.

Obs: Há duas cenas pós créditos, mas você pode sair logo depois da primeira.

Curiosidades:

– Tom Hardy aceitou o papel de Venom pra agradar o filho, que é um grande fã do personagem.
– A voz do Venom também é de Tom Hardy, só que sintetizada.
– Ia ser lançado com censura só para maiores (como “Deadpool”), mas a Sony voltou atrás e abrandou o filme por vislumbrar uma possível junção com o MCU no futuro. Isso frustrou Tom Hardy que em entrevista disse que as melhores cenas era as mais violentas e que foram cortadas.
– O astronauta que sobreviveu à queda da nave no início é Jameson, filho de Jonah Jameson, chefe de Peter Parker no jornal.
– Aliás, quando Eddie fala de um incidente em Nova York, ele se refere ao fato de ter sido demitido do Daily Bugle, jornal onde Peter Parker é fotógrafo.

Ficha Técnica

Elenco:
Tom Hardy
Michelle Williams
Riz Ahmed
Scott Haze
Reid Scott
Jenny Slate
Melora Walters
Woody Harrelson
Peggy Lu
Malcolm C. Murray
Sope Aluko
Wayne Pére
Michelle Lee
Kurt Yue
Chris O’Hara

Direção:
Ruben Fleischer

Produção:
Avi Arad
Amy Pascal
Matt Tolmach

Fotografia:
Matthew Libatique

Trilha Sonora:
Ludwig Göransson

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