Quem querer querendo, o diretor Gene Stupnitsky da comédia “Bons Meninos” que tem uma pegada parecida, fez aqui uma mistura de dois subgêneros: o da megera promíscua que deve (ou não) se redimir no final – lembrei de “Professora Sem Classe” com Cameron Diaz – e do cara que é “imbeijável” que deve se tornar mais maduro e atraente também lá pelo final, o que me faz lembrar do icônico “O Virgem de 40 Anos”.
É assim: Jennifer Lawrence de “Passagem” está perfeita como Maddie, a tal nojentinha que está na pindaíba e aceita ser contratada através de um curioso anúncio onde ela teria que namorar o filho tímido e nerd de um casal de ricaços, mas sem o próprio saber da armação. É claro que as situações mais inusitadas vão acontecer.
A produção faz tudo de certo e de errado que o esse gênero pode pedir, bem parecido com o filme já citado do diretor. O desafio aqui é desenhar situações absurdas, mas que sejam críveis aos olhos do público a assim o cativem. O roteiro tenta, mas quem mata no peito e faz o gol é a dupla de protagonistas Jennifer Lawrence e o desconhecido Andrew Barth Feldman como Percy, o adolescente de 19 anos (e o ator tinha 19 anos nas filmagens) super antissocial.
Imaginar algo funcionando entre Maddie, que passa dos 30 anos, e Percy talvez fosse inimaginável e pudesse até fazer a produção naufragar, mas a química entre os dois artistas e a dinâmica dos acontecimentos, pelo menos até o início do terceiro ato, garante um ótimo entretenimento, mesmo vez ou outra pisando com força em alguns daqueles clichês batidos, como por exemplo, a maneira em que Percy descobre a verdade.
A performance nas gags físicas de Lawrence está irretocável, inclusive na cena em que ela aparece toda nua metendo a porrada num pessoal ou na que ela toma um soco na garganta. Aliás, Jennifer Lawrence prova uma versatilidade que poucas atrizes do seu meio teriam coragem de tentar.
Andrew Barth Feldman consegue se soltar bastante no decorrer de sua atuação, chegando no meio da história já vestido totalmente do personagem, o que garante uma transição natural no terceiro ato para alguém mais independente.
Às vezes o diretor comete alguns exageros (a cena do carro no final por exemplo), mas via de regra tanto o humor visual como alguns diálogos são divertidos e não deixa o espectador se acomodar.
“Que Horas Eu Te Pego?” talvez seja esquecível, mas cada minuto na hora dá um certo prazer de estar assistindo. Fora que o nome dela é Jennifer.
Curiosidades:
- Andrew Barth Feldman atrasou sua ida para Harvard para poder terminar o filme. Cara CDF, hein?
- Jenifer Lawrence disse que em muitas cenas ela começava a rir porque Andrew Barth Feldman improvisava bastante nas piadas.
- O filme é baseado num anúncio real. O diretor Gene Stupnitsky viu o anúncio 8 anos antes e mandou para Jennifer Lawrence que rachou de rir. Como são amigos de longa data, ela se comprometeu em fazer o filme na hora em que o roteiro estivesse pronto.
Ficha Técnica:
Elenco:
Jennifer Lawrence
Andrew Barth Feldman
Laura Benanti
Matthew Broderick
Natalie Morales
Scott MacArthur
Ebon Moss-Bachrach
Kyle Mooney
Hasan Minhaj
Jordan Mendoza
Amalia Yoo
Alysia Joy Powell
Direção:
Gene Stupnitsky
História e Roteiro:
Gene Stupnitsky
John Phillips
Produção:
Justine Ciarrocchi
Jennifer Lawrence
Naomi Odenkirk
Marc Provissiero
Alex Saks
Fotografia:
Eigil Bryld
Trilha Sonora:
Mychael Danna
Jessica Rose Weiss