Os Rejeitados (“The Holdovers”)

O premiado cineasta Alexander Payne retorna a parceria com um dos mais subestimados atores de Hollywood, Paul Giamatti desde “Entre Umas e Outras”, filmaço realizado há quase 20 anos, para contar uma história simples de gente. Aliás, falar de gente ao invés de ações é cada vez mais raro em Hollywood e, por isso, é tão apreciado nessa produção que já vira um clássico instantâneo.

O período é no final de 1969 e Giamatti é o professor Paul, daqueles bem “caxias” que todo mundo odeia. Ele acaba tendo que ficar na universidade durante as férias de inverno tomando conta daqueles que não puderam voltar para suas famílias. Dentre eles há o jovem desguiado Tully (Dominic Sessa que saiu do teatro para o cinema), com quem passa a ter um vínculo peculiar. Junta-se à dupla, a cozinheira Mary (Da’Vine Joy Randolph de “Cidade Perdida”) que acabara de perder o filho na guerra.

A abordagem visual remonta toda a década de 70 desde as logomarcas dos estúdios (Miramax e Focus Features não existiam naquela época, então eles inventaram), passando pelos créditos iniciais e até mesmo na granulação da imagem e tremidas de câmeras inseridas na pós-produção, com a trilha sonora de Mark Orton (“Minha Querida Dama”) mais baixa que o normal como se fosse um filme já envelhecido. O resultado – para quem entendeu – ficou ótimo.

A essência da história está nas interpretações, onde Giamatti dá um seu habitual show, inclusive com o detalhe de seu “olho preguiçoso” mudar a todo momento de um olho para outro, e uma enorme carga de humor misturado com drama. É tão natural que não foi surpresa ganhar já o “Globo de Ouro” e ser um forte concorrente ao Oscar.

Os coadjuvantes não ficam atrás e, juntos formam uma dinâmica em parceria com o roteiro que a cada situação se revela partes importantes da história deles e de como eles chegaram onde estão, além de formar uma compreensão intrínseca dentro de suas relações causando uma grande empatia que chega até ao espectador.

Os Rejeitados” é uma comovente história de aceitação dos erros e das diferenças, e, muito mais que a superação, é de como seguir em frente com tudo e apesar de tudo. Uma pérola técnica e narrativa.

Curiosidades:

  • O Paul Giamatti fez de propósito o olho preguiçoso mudar de lugar no início para brincar com o diretor e elenco, mas ficou não bom que ele incorporou no filme para confundir o espectador.
  • A atriz Da’Vine Joy Randolph é não fumante e havia combinado de fazer seu papel com cigarros de mentira, já que sua personagem fuma em quase todo o filme. Só que ela mesma achou que esses cigarros não passavam veracidade e teve que aprender a fumar de verdade. Ela escolheu a marca de cigarros que menos sentia nojo para poder parar assim que as filmagens acabassem.
  • A instituição de Barten é fictícia, sendo as filmagens feitas na Fairhaven High School. Só que a tempestade de nesse que caiu foi verdadeira e o diretor decidiu filmar tudo em locação.
  • Dominic Sessa errou uma cena porque simplesmente não sabia como usar um telefone de “rodinha”. Quando ele nasceu esses telefones já não se vendiam mais.
  • Foi Paul Giamatti quem indicou Dominic Sessa para o papel.
  • A partitura que Tully toca no piano se chama Gymnopedie No. 1 de Erik Satie.
  • A cena da loja de conveniência foi mesmo filmada numa loja e o caixa é realmente o caixa da loja.

Ficha Técnica:

Elenco:
Paul Giamatti
Dominic Sessa
Da’Vine Joy Randolph
Carrie Preston
Brady Hepner
Ian Dolley
Jim Kaplan
Michael Provost
Andrew Garman
Naheem Garcia
Stephen Thorne
Gillian Vigman
Tate Donovan

Direção:
Alexander Payne

História e Roteiro:
David Hemingson

Produção:
Bill Block
David Hemingson
Mark Johnson

Fotografia:
Eigil Bryld

Trilha Sonora:
Mark Orton

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