Fazer um filme B pós apocalíptico é muito fácil porque para o design de produção, basta bagunçar o cenário e faz-se meio que o tal apocalipse. Daí tudo tipo de história ruim, elenco ruim e direção ruim entra em jogo.
Os clichês estão lá desde antes do primeiro “Mad Max” com Mel Gibson: gangues assassinas que perseguem o grupo de protagonistas em algum tipo de jornada.
“Os Domésticos” traz uma interessante análise do que faz um filme B com esse tema ser um pouco melhor que a média. Tem elenco de filme B: Kate Bosworth de “O Assassino Perfeito” já está figurinha carimbada em produções de baixo orçamento, mas dá conta do recado, e Tyler Hoechlin de “Jovens, Loucos e Mais Rebeldes” é canastrão que dói e fica ótimo quando não abre a boca.
A história é bem escrita, mas mal contada: eles são o casal Nina e Mark que estavam prestes a se separar, mas precisam viajar para outro Estado americano para tentar encontrar os pais de Nina que perderam contato há semanas, sendo está também uma tentativa de Mark para salvar o casamento. Nessa viagem, vão tentar sobreviver a todo o tipo de terror de grupos de sádicos assassinos.
Por algum motivo que desconheço, o diretor Mike P. Nelson do mais recente e escroto “Pânico na Floresta – A Fundação”, demora para revelar coisas básicas e irrelevantes como o motivo da viagem e a questão da situação do casamento dos personagens.
O design de produção casa com filme B também: nada além de tralha para tudo quanto é lado e bagunça solene para emular o apocalipse e sem nenhum efeito digital.
Mas há dois elementos que mudam o jogo: o primeiro é o roteiro que mesmo sendo tão bagunçado quanto o cenário de fim de mundo, desenha uma série de situações com vários personagens diferentes e com maquiagem e figurinos interessantes e ameaçadores, e que testam a segurança e sanidade do casal de protagonistas.
Enquanto a história se desenrola, o diretor não dá mole e enche a tela de violência gráfica com tiros explodindo corpos, sangue em profusão e algumas tomadas com ótimos efeitos de maquiagem. Ou seja, a mesma direção que não soube contar muito bem a história, conseguiu agrupar uma dinâmica de ação acima da média e, mesmo com as limitações de budget, entrega bem um ritmo mais acelerado que o normal.
“Os Domésticos” talvez seja o melhor que um filme que tinha tudo para ficar no ostracismo pode entregar. Diversão boa e barata.
Ficha Técnica:
Elenco:
Kate Bosworth
Tyler Hoechlin
Sonoya Mizuno
Lance Reddick
Kaden Washington Lewis
Jacinte Blankenship
Mikaela Kimani Armstrong
David Dastmalchian
Jeff Chase
Thomas Francis Murphy
Tim Bell
Direção:
Mike P. Nelson
História e Roteiro:
Mike P. Nelson
Produção:
Shannon Gaulding
Gianni Nunnari
Fotografia:
Maxime Alexandre
Trilha Sonora:
Nathan Barr
