O Estrangulador de Boston (“Boston Strangler”)

Às vezes fica difícil não fazer comparações e assim ter uma avaliação relativa de algo. Há pouco tempo foi lançado o filme “Ela Disse” que, tal qual “O Estrangulador de Boston” tem a mesma premissa: duas jornalistas desafiam o status quo masculino de seu mundo profissional e familiar para investigar uma série de crimes.

Em “Ela Disse”, as mulheres já vivem no mundo moderno da década de 2010, onde existe machismo, mas nem se compara com a década de 60, além de que os crimes cometidos – nesse caso de assédio – já são de notório conhecimento (o produtor Harvey Weinstein) e o esforço era apenas de criar um caso para suportar a acusação.

Já em “O Estrangulador de Boston”, estamos falando de um tempo em que as mulheres só ocupavam as cadeiras de moda e beleza dos jornais e era quase uma heresia ser uma jornalista investigativa que inclusive teria que lidar com o machismo na própria polícia. E esse crime era muito pesado: aparentemente havia um serial killer que matava com requintes de crueldade numa escalada de mais de 13 vítimas.

É de se esperar que o impacto dessa nova produção protagonizada por Keira Knightley (“A Última Noite”) como a jornalista Loretta fosse bem maior. Mas não: “O Estrangulador de Boston” é morno comparado com “Ela Disse”.

Enquanto “Ela Disse” potencializa os dois pilares narrativos – o empoderamento da mulher e o crime – “O Estrangulador de Boston” faz com que uma trama dilua a outra.

Os crimes são mostrados de forma branda numa tentativa de focar em Loretta e sua recém parceira Jean (Carrie Coon de “Caça-Fantasmas” – Mais Além”) e acaba perdendo o impacto. A luta das duas para se firmarem como jornalistas investigativas passam pelos clichês de sempre, tornando essa jornada até fácil demais.

Alguns momentos são irritantemente previsíveis como na cena em que o marido de Loretta fala que elas podem estar em perigo se expondo e em 1 minutos, ligam para a casa deles um desconhecido com respiração pesada, apenas para formar esse ponto óbvio e depois isso nunca mais é mencionado novamente.

É somente no terceiro ato que a coisa esquenta e há uma série de pequenas interessantes reviravoltas, as quais salvam esse suspense dramático e também dá uma chancela na veracidade da história.

O Estrangulador de Boston” tem uma história importante, relevante, cheia de nuances, mas sua realização foi burocrática e percorrendo todos os lugares comuns do gênero, tornado o desenvolvimento mais superficial do que poderia e merecia.

Curiosidades:

  • Foi feito outro filme sobre o caso, chamado “O Homem que Odiava as Mulheres” em 1968 com os grandes Tony Curtis e Henry Fonda. Nesse filme o foco total é no principal suspeito. Tanto que as jornalistas são meras figurantes.
  • Os Rolling Stones fizeram uma música baseada no caso chamada “Midnight Rambler” do seu álbum “Let It Bleed” de 1969.

Ficha Técnica:

Elenco:
Keira Knightley
Carrie Coon
Chris Cooper
Alessandro Nivola
Rory Cochrane
David Dastmalchian
Peter Gerety
Robert John Burke
Ryan Winkles
Morgan Spector
Michael Malvesti
Aurora McLaughlin
Liam Anderson

Direção:
Matt Ruskin

História e Roteiro:
Matt Ruskin

Produção:
Tom Ackerley
Josey McNamara
Michael A. Pruss
Ridley Scott
Kevin J. Walsh

Fotografia:
Ben Kutchins

Trilha Sonora:
Anne McCabe

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