Em algum ponto da carreira de Liam Neeson, ele passou a o mesmo filme e ninguém se deu conta. É inegável, entretanto, que ele (ainda) dá credibilidade aos filmes que faz. Só que dessa vez pediram uma cota de credibilidade enorme, visto que a história é forçada demais.
Neeson, que a gente viu aqui pela última vez em “Legado Explosivo”, é o caminhoneiro Mike que, junto com mais outros dois caminhões precisam transportar uma carga por uma estrada de gelo – que pode rachar a qualquer momento – para poder salvar mineiros que ficaram presos após uma explosão com oxigênio por um fio.
O espectador vai descobrir um pouco depois, sem muita surpresa, que os donos da mina são aqueles vilões oitentistas que com olhares e risadas maquiavélicas querem que tudo dê errado. O que já é uma caricatura forçada da vilania naqueles tempos em que tudo era exagerado.
Só que além dos vilões que só faltam passar gel no cabelo, os obstáculos no meio do caminho, além de previsíveis, são forçados ao extremo. Nos primeiros 10 minutos já é possível dizer com assertividade quem vai morrer e quem é o grande vilão sem medo de errar. Mas como, por exemplo, a primeira morte se dá no trajeto chega a ser risível. E não somente, mas como todos os problemas que nossos heróis passam por decisões humanas são absurdos com obstáculos descritos pelo roteiro para dar errado. É como se colocassem os personagens num imenso Escape Room onde em cada fase se perdesse um personagem ou uma parte importante da carga (que logicamente poderá ser substituída depois).
Inclusive há algumas cenas inexplicáveis: primeiro que há uma espécie de guincho que ninguém vê que consegue levantar caminhões capotados; segundo que há uma cena já no último ato em que eles desengatam a carga da caçamba de um caminhão para colocar em outro só que num local fisicamente impossível de fazê-lo. Tudo bem que mentiras em filmes de ação são de praxe, mas jogar coisas absurdas sem pelo menos se dar o trabalho de dar o mínimo de explicação razoável.
Não sei se é por causa da idade avançada de Neeson (atualmente com 69 aninhos), mas as cenas de luta e perseguição deixam muito a desejar e não só contém alguns erros de continuidade esquisitos (num corte o caminhão está correndo, no outro está andando e no outro quase parado), como chegam a ser chatas, apesar de talvez até mais realistas do que com o que estamos acostumados.
“Missão Resgate” é um genérico de Liam Neeson desperdiçando sua credibilidade (que salva o filme) com uma história mal escrita e mal filmada. Se for para arriscar, que seja pelo protagonista.
Ficha Técnica
Elenco:
Liam Neeson
Marcus Thomas
Laurence Fishburne
Amber Midthunder
Benjamin Walker
Holt McCallany
Martin Sensmeier
Matt McCoy
Matt Salinger
Chad Bruce
Adam Hurtig
Bradley Sawatzky
Marshall Williams
Paul Essiembre
Arne MacPherson
Gabriel Daniels
Direção:
Jonathan Hensleigh
Produção:
Al Corley
Eugene Musso
Lee Nelson
Shivani Rawat
Bart Rosenblatt
David Tish
Fotografia:
Tom Stern
Trilha Sonora:
Max Aruj
