O diretor Craig Brewer se redime depois do remake meia boca de “Footloose” de 2011 com outro filme que também tem muita música e muito mais e marca a volta por cima de Eddie Murphy, sumidaço desde “As Mil Palavras” de 2012.
O filme conta a história real de Rudy Ray Moore que depois dos 40 anos, despontou como comediante, músico sendo um dos reis da rima da época, chegando a ser um famoso ator do subgênero Blaxploitation da década de 70 (filmes B feito por negros para negros).
Murphy extrai o máximo de seu one man show e incorpora sua persona elétrica característica de seus grandes hits das décadas de 80 e 90, mas também insere acertadas camadas de fragilidade no protagonista. Ele mostra Moore como um sujeito inseguro e até mesmo sem capacidade para alcançar seus sonhos, mas com uma enorme persistência que o levou ao seu estrelado de nicho.
Sem dúvida o mérito do filme repousa em grande parte nos ombros de Murphy, mas a contextualização da época também desempenha um papel vital. A segregação racial ainda era forte, mesmo com as leis de igualdade recém implantadas nos EUA, e a jornada da fama de Rudy passa por esse discernimento de seu público alvo e por falar daquilo que ele conhece, desde o século anterior onde negros trabalhavam como escravos nas fazendas de algodão de seus senhorios até os tempos atuais, já com sua “liberdade” (entre aspas), produtos e costumes feito especialmente para seu consumo. Mérito do roteiro que estudou bastante o assunto e da equipe técnica, principalmente design de produção, cenografia e figurino, além da ótima trilha sonora de Scott Bomar (“Parceiros de Jogo“)
A narrativa também se destaca por sempre ser bem humorada, mas abordar temas importantes sem desrespeitar a história real.
“Meu Nome Dolemite” é daqueles filmes completos e consistentes que mantém o interesse e a atenção do espectador para a história e principalmente para a persona de Eddie Murphy que está impecável.
Curiosidades:
– Filme dedicado ao irmão de Eddie Murphy, Charlie, que faleceu recentemente.
– Algumas referências do filme fazem parte da filmografia de Rudy Ray Moore, como O Homem Tornado de 1976 e O Rei da Disco Music de 1979.
– Eddie Murphy estava com 58 anos nas filmagens, quase 10 anos mais velho que Rudy Ray Moore na época dos eventos.
Ficha Técnica
Elenco:
Eddie Murphy
Keegan-Michael Key
Mike Epps
Craig Robinson
Tituss Burgess
Da’Vine Joy Randolph
Wesley Snipes
Chris Rock
Kodi Smit-McPhee
Snoop Dogg
Ron Cephas Jones
Barry Shabaka Henley
T.I.
Luenell
Tasha Smith
Direção:
Craig Brewer
Produção:
John Davis
John Fox
Eddie Murphy
Fotografia:
Eric Steelberg
Trilha Sonora:
Scott Bomar