O melhor filme de Adam Sandler com a melhor atuação que ele já fez, o que é uma notícia ótima para quem acompanhou suas últimas bobagens como “Zerando a Vida” e “Os 6 Ridículos”.
Ele não é um cara legal. Aqui, como Howard, ele é dono de uma loja de jóias e objetos raros. Howard engana clientes, pega dinheiro emprestado de agiotas, passa a perna neles, engana sua esposa, tem uma amante que trabalha em sua loja e é obcecado por jogo. Pra tentar consertar a sua vida, ele conseguiu uma pedra que vale milhões, mas parece que tudo dá errado pra ele justo nesse momento tão importante.
A grande sacada do filme dos irmãos Safdie do também excelente “Bom Comportamento” é que tanto o protagonista quanto o ritmo do filme são eletrizantes. A sensação de agonia de Horward e tensão crescente com a sequência de eventos infortúnios que, na linha final, são produtos de suas próprias ações, deixa o espectador até solidarizado com o personagem sem caráter, mas num beco sem saída onde ele só faz se afundar mais.
Lembra muito o clássico de Martin Scorsese “Depois de Horas” de 1985, só que com um peso de realidade implacável. Talvez implacável seja a palavra certa para qualificar essa obra que mexe com o público, encurrala o público e tem em seu desfecho algo impensável, mas deliciosamente previsível.
Sandler encara esse ser humano desprezível com uma garra invejável. Ele se despe de qualquer bobalhão que já interpretou e talvez pela primeira vez se coloca num patamar que há décadas atrás poderia ser de um Al Pacino ou Robert de Niro e mostra um talento surpreendente para mostrar a podridão de seu personagem e ainda assim inspirar afinidade e compaixão do espectador.
Chama muita atenção a trilha sonora de Daniel Lopatin, parceiro dos diretores em seus filmes anteriores, onde ele se espelha nas reverberações das pedras preciosas para criar sons eletrônicos que vão de um estado de nirvana à tensão que praticamente faz um bate bola com seu protagonista.
“Jóias Brutas”, como o título diz, é uma bruta viagem sem volta; é uma experiência visceral na maneira de ver o mundo por um ser humano decadente que ainda tem a esperança que é possível sair algum bem de tanto mal.
Curiosidades:
– Quem convenceu Adam Sandler a fazer esse papel foi a sua esposa.
– Sandler usou dentes postiços e até uma verruga falsa para o papel.
– Sandler recebeu uma ligação do premiado Daniel Day-Lewis, elogiando-o pela sua performance e foi a loucura.
– A casa de Howard no filme é a mesma de Freddie Mercury em “Bohemian Rhapsody”.
– O filme se passa em 2012, apesar disso não estar explícito na produção. Só que os jogos de basquete que Howard aposta e vê na TV são do campeonato de 2012 na NBA.
– A voz no telefone da gerente do leilão onde Howard pretende vender a pedra é de ninguém menos que a atriz Tilda Swinton de “Os Mortos Não Morrem“.
Ficha Técnica
Elenco:
Adam Sandler
LaKeith Stanfield
Idina Menzel
Pom Klementieff
Julia Fox
Eric Bogosian
Keith Williams Richards
Tommy Kominik
Maksud Agadjani
Andrea Linsky
Roman Persits
Paloma Elsesser
Kevin Garnett
Mike Francesa
Anthony Mecca
Tilda Swinton
Direção:
Benny Safdie
Josh Safdie
Produção:
Sebastian Bear-McClard
Eli Bush
Irfaan Fredericks
Scott Rudin
Fotografia:
Darius Khondji
Trilha Sonora:
Daniel Lopatin