Loja de Unicórnios (“Unicorn Store”)

Da amizade surgida entre Brie Larson e Samuel L. Jackson nos sets de “Kong: A Ilha da Caveira” e amadurecida em “Capitã Marvel”, surgiu a parceria onde Larson dirige e estrela esse drama sobre crescimento e amadurecimento, enquanto Jackson faz uma participação muito especial.

Ela é Kit, recém adulta e desiludida com sua reprovação na escola de artes e num emprego burocrático onde só está para alegrar aos pais. Até que ele recebe um convite para conhecer uma misteriosa loja onde o vendedor (Jackson) lhe promete um unicórnio de verdade se ela cumprir algumas tarefas. E justamente essas tarefas vão ajudá-la a amadurecer e ver o mundo com outros olhos.

Um detalhe interessante que não passa despercebido é que o mundo desenhado pela diretora é uma realidade sensivelmente alterada com personagens estereotipados, desde o apático chefe, pelos pais sempre super preocupados e até mesmo Kit com uma mentalidade infantil tentando se encontrar. Tanto que o alter ego do espectador é Virgil, o empregado da loja de modulados (Mamoudou Athie de “O Favorito”) que decide ajudar Kit em suas tarefas, sem saber que o objetivo seria ela ganhar um unicórnio. Ele funciona como a bússola de realidade da narrativa.

O maior acerto da produção foi a trilha sonora do desconhecido Alex Greenwald que dá um tom de mágica fluida e ajuda tanto no ritmo como na percepção de que estamos vendo um mundo que só parece o nosso, mas não é.

Contudo, é justo no desfecho que o filme trapaceia. Apesar de aparentemente ele ter uma resposta definitiva sobre a questão dos unicórnios (posso dizer que é uma resposta visual), uma análise mais aprofundada mostra o inverso, isto é, que há uma subjetividade desse mundo diferente que tenta se aproximar da nossa realidade quando a personagem amadurece. Ou seja, o efeito mágico se dissipa logo que olhamos ara trás.

Loja de Unicórnios” tem uma bonita mensagem, mas que não conversa com o final, deixando questões importantes em aberto, mesmo negando isso até o fim.

Se quiser saber o porquê, vá em curiosidades (cuidado que tem spoiler).

Curiosidades:

– O roteiro foi oferecido para Brie Larson dirigir logo depois que ela ganhou o Oscar de Melhor Atriz por “O Quarto de Jack
– O roteiro estava circulando em Hollywood há anos e Brie Larson fez um teste para ser protagonista em 2012.
– Os vídeos da protagonista criança são reais, de Larson quando era criança mesmo.
– No final, um ônibus passa ao lado de Kit com um sinal dizendo “Vá em frente, Kit”.

SPOILER – SÓ LEIA DEPOIS DE TER VISTO DO FILME:

No momento do encontro de Kit com o unicórnio já no final, ela convenientemente não o leva pra casa alegando que foi a jornada que a fez amadurecer e que então ela deixaria ele para outra pessoa que precisasse mais. Nesse momento até Virgil está lá a presencia, o que poderia indicar que o cético finalmente acreditou.

Mas repare que de lá até o final ele não dá uma palavra, como se o que ele estivesse presenciando fosse a transição de Kit para uma vida mais adulta. Inclusive outra pessoa aparece procurando a loja momentos antes do final. Sendo assim, o unicórnio nada mais é que o simbolismo de uma alavanca que Kit precisava para se descobrir e entender os valores da vida adulta e que provavelmente toda a parte do unicórnio se passou em sua imaginação, da mesma forma que vai acontecer com a pessoa seguinte (pode ser que o objeto da próximo pessoa nem seja um unicórnio).

Conclusão: o roteiro e direção ficam em cima do muro, por mostrar algo, mas não se posicionarem sobre isso, deixando uma subjetividade incômoda para o espectador.

Ficha Técnica

Elenco:
Brie Larson
Samuel L. Jackson
Joan Cusack
Bradley Whitford
Mamoudou Athie
Hamish Linklater
Martha MacIsaac
Karan Soni
Annaleigh Ashford
Ryan Hansen
Mary Holland
Ithamar Enriquez
Todd Jeffries
Deb Hiett
Nelson Franklin

Direção:
Brie Larson

Produção:
David Bernad
Terry Dougas
Ruben Fleischer
Lynette Howell Taylor
Paris Kassidokostas-Latsis
Brie Larson

Fotografia:
Brett Pawlak

Trilha Sonora:
Alex Greenwald

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