Joy: O Nome do Sucesso (“Joy”)

O Diretor David O. Russell leva a sério o ditado “Não se mexe em time que está ganhando”. Em seus últimos filmes “Trapaça” e “O Lado Bom da Vida”, Jennifer Lawrence, Bradley Cooper e Robert De Niro tiveram presença garantida com mais ou menos relevância dependendo do papel. Inclusive Lawrence ganhou o Oscar de melhor atriz por “O Lado Bom da Vida”. Apesar de ser o mais fraco dessa trinca, “Joy” nos mostra momentos e atuações que valem a pena ir ao cinema.

É uma mistura de três temas: família disfuncional, protagonista inventor (como “Jogada de Gênio”) e sobre a força da mulher num ambiente machista. Joy (Lawrence) teve seus sonhos quebrados por um casamento ruim e uma família pedante, até que inventa um tipo de esfregão com recursos que nenhum outro tem e tenta levar sua invenção adiante.

A narrativa passa muito tempo mostrando o contexto nocivo de Joy e o diretor, para diluir a morosidade, toma a acertada decisão de inverter a linha do tempo, contando apenas depois, por exemplo, como ela conheceu seu futuro ex-marido, entre outros eventos. E consegue, pelo menos até certo ponto, o intento de dinamizar o ritmo, mesmo que as duas horas de filme pareçam um pouco demais.

Por outro lado, ele se atrapalha um pouco com os personagens colocando alguns bastante calcados na realidade como seu pai (DeNiro) ou sua avó (belíssimo papel de Diane Ladd de “Encontros ao Acaso”), entretanto reveza com outros personagens caricaturais como se saído dos filmes de Wes Anderson ou de uma novela barata, alusão ao próprio formato do filme, tal qual sua mãe (Virginia Madsen de “A Garota da Capa Vermelha” dramaticamente hilária) ou o ex-marido cantor (Édgar Ramírez de “Livrai-nos do Mal”, forçando a barra). Isso faz com que as situações se configurem de forma irregular, perdendo um pouco de seu rumo.

Mas no fim do dia é o trio principal que dá conta do recado com Lawrence passando uma ótima força apesar de um papel batido da mulher independente, mas frágil por dentro (seu suspiro no final faz toda a diferença); De Niro que ao mesmo tempo é odioso e digno de pena roubando a maioria das cenas, e Bradley Cooper que apesar de uma participação menor, está com uma naturalidade incomparável.

“Joy” é daqueles filmes que faz o público sair de bem com a vida, feliz com o resultado e atuações, mas ao mesmo tempo um tanto exaurido pela jornada de duas horas que facilmente poderia ser editado pelo menos uns 20 minutos. E a pergunta que não quer calar: que novela é essa que dura o dia inteiro? Nem gravada, como a mãe de Joy diz que faz, daria pra tanto.

Curiosidade: O filme é apenas levemente baseado na verdadeira Joy que inventou o esfregão moderno. Aliás, os únicos elementos baseados na vida dela é sua invenção e seu trabalho anterior numa Cia Aérea. Todo o resto é baseado em combinações de outras partes de sua vida ou da vida de outras mulheres.

Ficha Técnica

Elenco:
Jennifer Lawrence
Robert De Niro
Bradley Cooper
Édgar Ramírez
Diane Ladd
Virginia Madsen
Isabella Rossellini
Dascha Polanco
Elisabeth Röhm
Susan Lucci
Laura Wright
Maurice Benard
Donna Mills
Jimmy Jean-Louis

Direção:
David O. Russell

Produção:
John Davis
Megan Ellison
Jonathan Gordon
Ken Mok
David O. Russell

Fotografia:
Linus Sandgren

Trilha Sonora:
David Campbell
West Dylan Thordson

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