Godzilla Minus One

Os primeiros 5 minutos de filme já são melhores do que todas as franquias americanas do Godzilla juntas. O monstro é aquilo que ele sempre deveria ser: um monstro, animal irracional que, como qualquer outro, busca sobrevivência e demarca seu terreno atacando e matando quem está em seu caminho.

E aqui ele mata pra valer e com excelentes efeitos especiais. Todas as cenas com ele são superiores a qualquer daquelas megaproduções de Hollywood. O fato do filme ser japonês não mede esforços para colocar a melhor qualidade visual para que Godzilla esteja sempre no melhor ângulo e as mortes sejam violentas sem serem apelativas.

O problema são as cenas em que ele não aparece. O filme inicia em 1945, no fim da 2ª Guerra Mundial, onde o Japão está devastado pelos bombardeios americanos, inclusive as bombas de Hiroshima e Nagazaki. O protagonista é Koichi (o ator japonês Ryunosuke Kamiki), piloto kamikaze que na hora H, desistiu de se sacrificar e finge que o avião está com defeito, pousando numa ilha distante onde se faz reparos. É lá o primeiro e magistral ataque do Godzilla. Só que daí o filme passa a mostrar o drama existencial de Koichi por… não ter se matado como kamikaze.

Entre uma cena com Godzilla e a próxima, é uma eternidade ver o personagem se martirizando, chatíssimo, a ponto da gente torcer para ele morrer mesmo e deixar o resto com os coadjuvantes. Para se ter uma idéia, as cenas com Godzilla só preenchem 9% do filme (11 minutos ao todo).

Fica claro que o Godzilla é uma alegoria aos EUA no pós guerra, como se a derrota do monstro fosse a derrota da nação americana e assim, uma redenção dos japoneses que nunca veio. Esse artifício é inteligente, mas pesaram demais a mão no dilema pessoal do protagonista.

Não ajuda que na cultura japonesa, os diálogos só parecem funcionar aos gritos e na hora do drama, isso passa uma sensação de exagero desmedido. Acontece qualquer coisa e Koichi grita, berra e põe a cabeça na mesa. Mais uma vez: sim é da cultura japonesa, mas nesse contexto não ajudou ao drama que já vem com embalagem datada.

Sem contar que o roteiro ainda coloca alguns pequenos absurdos como tensões entre EUA e União Soviética para justificar porque ninguém quer bancar um ataque ao lagarto gigante. A parte verdadeira é que no final da guerra o Japão sofreu um completo desarmamento pelas forças americanas, o qual durou até 1951 e por isso a dificuldade.

Godzilla – Minus One” era para ser o melhor filme do Godzilla (e talvez seja), mas enfiaram um drama chato e desnecessário goela abaixo cujo efeito é um sonífero.

Curiosidades:

  • O “Minus One” (Menus Um) do título é uma analogia ao ato da 2ª Guerra Mundial ter levado o Japão à estaca zero e daí a catástrofe do Godzilla levou o país ao negativo.
  • O sobrenome do protagonista Shikishima é o nome do primeiro esquadrão kamikaze do Japão.
  • O nome do cientista que arma o plano contra Godzilla é Kenji, que coincide com o herói da série japonesa Spectroman.
  • Todos os nomes de personagens no filme já foram nomes de personagens ou da equipe de filmagem de outros filmes japoneses do Godzilla.
  • Na cena em que se mostra a destruição na cidade de Ginza, a logomarca da The Umbrella Corporation (de Resident Evil) pode ser vista num muro. A produtora Toho também é responsável pelos jogos.
  • A ilha de Odo no início do filme é fictícia.
  • Apesar do filme ocorrer durante a ocupação americana, não há nenhum personagem ou figurante americano em toda a história.
  • Godzilla nunca come seres humanos, por mais que ele mate. É uma regra que a Toho, produtora e dona dos direitos do Godzilla, estabeleceu há décadas.

Ficha Técnica:

Elenco:
Ryunosuke Kamiki
Minami Hamabe
Sakura Ando
Kuranosuke Sasaki
Hidetaka Yoshioka
Munetaka Aoki
Yuki Yamada
Rikako Miura
Sae Nagatani
Kisuke Iida
Yûya Endô
Ozuno Nakamura
Miou Tanaka

Direção:
Takashi Yamazaki

História e Roteiro:
Takashi Yamazaki

Produção:
Gô Abe
Kazuaki Kishida
Keiichiro Moriya
Kenji Yamada

Fotografia:
Kôzô Shibasaki

Trilha Sonora:
Naoki Satô

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