Boneco do Mal (“The Boy”)

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Taí um filme que vai dividir opiniões, pois mistura ótimas sacadas com algumas falhas enormes e conceitos de psicologia que nem todo mundo conhece.

Lauren Cohan da série “The Walking Dead” é Greta, que vai para uma mansão isolada no interior da Inglaterra para ser babá, pois está fugindo de alguns problemas. Ela se surpreende quando, ao chegar, descobre que o menino na verdade é um boneco de porcelana. Sua reação é naturalmente de descrédito, mas se impressiona quando os pais já velhos o tratam realmente como uma criança. Saindo para uma viagem, eles a deixam a sós com o boneco. De início, ela o trata como um objeto inanimado, mas estranhos fenômenos começam a leva-la a crer que há algo muito mais assustador na casa.

Com exceção de duas cenas de sonho que apelam para o lugar comum de sustos fáceis (mas eficientes), o diretor William Brent Bell (do excelente “Wer – O Lobisomem”) trabalha o filme com calma, construindo o suspense aos poucos e fazendo com que a protagonista não acredite logo de primeira no sobrenatural (como muitos filmes fazem), mas a tendo como a visão do próprio expetador, conjecturando sobre como tais eventos sinistros poderiam acontecer na vida real antes de partir para conclusões precipitadas. E o fato de nunca vermos o boneco “em ação” ainda torna tudo mais misterioso, ou seja, o roteiro constrói a tensão justamente a partir do que não vemos.

A reviravolta no final sem dúvida é o grande clímax e feita de forma bastante inteligente. Este último ato entretanto é o que mais tem furos e situações absurdas de se conceber, culminando num dos finais mais sem sentido com o único propósito idiota de abrir uma porta para uma inconcebível continuação. Por essas e outras que “Boneco do Mal” tem uma equação cômica senão trágica: tem muito mais altos do que baixos, mas os baixos são abissais.

Curiosidades (atenção – SPOILERS – Passe o mouse para ler):

O que de verdade aconteceu? (aqui apenas acertando alguns detalhes, pois a maioria deve ter entendido)
R: Após a morte da garotinha Emily, os pais de Brahms constatam que muito mais que um menino esquisito, ele é um psicopata incontrolável. Mas para protege-lo, eles tocam fogo na casa e escondem o garoto. Daí, na reforma, constroem um ambiente interno para que Brahms viva sem ser pego pela polícia. Mas a sacada é a seguinte: para controlar o próprio filho os Hellshire estabelecem um conceito da psicologia onde o paciente deixa ou dilui seu lado psicótico quando é estimulado a seguir uma mesma rotina todos os dias. E para fazer com que o filho sentisse a proximidade com os pais, mesmo escondido, usaram outro conceito que é a projeção de personalidade, usando um boneco para o relacionar com o próprio paciente. E então temos o resultado mostrado no filme. Os pais se suicidam, pois, além do amor e do cansaço de vinte anos nessa rotina bizarra e já velhos, também sabem que qualquer problema, eles seriam expostos e cairiam em desgraça.

E o que faz do final tão inconcebível?
R: Não preciso nem tocar no ponto de Greta voltar para salvar Malcolm quando se ela corresse até a polícia, ela estaria segura e ainda teria chances reais de salva-lo mesmo assim. Começa pelo fato de que Brahms sobreviver a um ferimento daqueles sem nenhum tipo de ajuda o faz dele quase um Jason de “Sexta-Feira 13”. Agora o pior é ver Greta e Malcolm escaparem e em nenhum momento eles recorrerem a polícia para verificarem os corpos (dois corpos, por sinal), sendo que se eles tinham conhecimento dos compartimentos escondidos, a polícia iria descobrir tudo e interditar a casa (por mais que Brahms estivesse vivo e corresse para a floresta, o que seria improvável). Culmina na última cena onde ele refaz o boneco, de uma forma que somente um profissional poderia fazer, visto que muito mais do que quebrar em pedaços, parte do boneco vira farelo. Assim fica difícil dar uma melhor avaliação para o filme.

Ficha Técnica

Elenco:
Lauren Cohan
Rupert Evans
James Russell
Jim Norton
Diana Hardcastle
Ben Robson
Jett Klyne
Lily Pater

Direção:
William Brent Bell

Produção:
Matt Berenson
Roy Lee
Gary Lucchesi
Tom Rosenberg
Jim Wedaa

Fotografia:
Daniel Pearl

Trilha Sonora:
Bear McCreary

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