A Assistente (“The Assistant”)

O filme que se passa num espaço de tempo de 12 horas mais ou menos é um tratado sobre como o ambiente de trabalho pode ser opressor apenas por existir. E a situação se agrava quando se é uma mulher num meio machista, mesmo que nem todos o sejam.

Vivemos junto com Jane (Julia Garner de “Sin City – A Dama Fatal” e ganhadora do Emmy) um dia do seu trabalho. Ela é daquelas que é a primeira a chegar a uma das últimas a sair.

A produção já marca um golaço, pois não revela nada sobre o que ela faz e suas relações de trabalho e simplesmente leva o espectador a um dia normal. Daí descobrimos que ela trabalha numa produtora e se revela um glamour bem menos do que se espera. Tudo é visto através dos olhos da protagonista (ela está presente em todas as cenas) e a diretora australiana Kitty Green capricha em transformar momentos triviais em coisas que sem perceber, começam a minar o psicológico das pessoas: barulhinhos de teclado, gavetas abrindo e fechando, conversinhas paralelas, piadinhas fora de hora, conversas artificiais que mostram a distância social de pessoas que trabalham ao seu lado, tudo meticulosamente colocado emulando um ambiente normal.

O cerne do dia está na relação com seu chefe, o qual nunca aparece, mas, digamos, deixa rastros que a fazem repensar sobre o mundo profissional. E repensamos junto com ela, onde há uma cena emblemática de uma conversa dela com o gerente de RH, que poderia acontecer em qualquer lugar “normal”.

Outra ótima sacada é que Jane não é perfeita. Há uma linha tênue que é sempre explorada entre sua vontade de defender o que ela acha certo e a inveja de, por certos aspectos, outras pessoas terem “potencial” (essas aspas são importantes) de estarem à frente dela. Sim, ela é nossa heroína, com as imperfeições de todas as heroínas. Finalmente percebemos que ela é uma heroína silenciosa como muitas mulheres em ambientes de trabalho o são.

A Assistente” traz um ótimo enfoque sobre ser mulher e as diferentes maneiras que elas lidam com uma opressão, ainda que velada, em suas vidas profissionais e, ao mostrar tudo isso em apenas um dia comum, traz uma idéia de como é uma, semana, um mês, um ano e uma vida.

Curiosidades:

– Os remédios que Jane arruma num armário são para disfunção erétil (Alprostadil).
– Filmado em apenas 18 dias.
– Há uma cena no elevador em que o ator Patrick Wilson – recentemente nos cinemas em “Moonfall” – aparece rapidamente interpretando ele mesmo (a empresa é uma produtora). Ele foi convidado a participar pela própria esposa, a atriz Dagmara Dominczyk que também atua no filme.

Ficha Técnica

Elenco:
Julia Garner
Owen Holland
Jon Orsini
Rory Kulz
Migs Govea
Daoud Heidami
Ben Maters
Noah Robbins
Tony Torn
Dagmara Dominczyk
Alexander Chaplin
Bregje Heinen
Devon Caraway
Genny Lis Padilla
Clara Wong
James C.B. Gray
Patrick Wilson

Direção:
Kitty Green

Produção:
P. Jennifer Dana
Kitty Green
Ross Jacobson
Scott Macaulay
James Schamus

Fotografia:
Michael Latham

Trilha Sonora:
Tamar-kali

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