Você Nunca Esteve Realmente Aqui (“You Were Never Really Here”)

Joaquim Phoenix é o assassino profissional Joe. Também é um sociopata que teve uma criação abusiva e um passado cheio de traumas e ainda tem pensamentos suicidas. Ele mora com a mãe. Em muitos aspectos, é como se o ator estivesse se preparando para fazer o “Coringa” – já que este foi filmado antes – dada a persona e complexidade do personagem.

Só ele já poderia ser a trama inteira, mas tem mais: ele pega um trabalho de resgatar a filha de um influente político aparentemente sequestrada por uma quadrilha de prostituição e tráfico de pessoas, mas sem saber se mete numa conspiração que vai abalar sua vida já tão transtornada.

A diretora Lynne Ramsay do premiado “Precisamos Falar Sobre Kevin” transformou um filme que poderia ser uma ação genérica num cult por uma abordagem humanizada de seu personagem e um peculiar enfoque na violência, onde o espectador vê o resultado final mais do que a ação em si, onde se usa vários artifícios de câmera e edição dando uma aflição adicional sentida pelo espectador durante as sequencias. A fotografia de Thomas Townend (“Escondidos“) foi fundamental nessa composição de cenas.

Isso também conversa com a narrativa que fala mais por aquilo que não mostra, seja na já citada parte da violência, ou nos rápidos flashbacks que faz o público deduzir o passado de Joe ou até mesmo no desfecho que nem precisa de clímax para ser perturbador.

Joaquim Phoenix está arrasador como sempre. Ele dá uma leitura acurada de seu personagem, do coração e da alma doentias, ao mesmo tempo do seu senso de justiça. Carrega facilmente o filme nas costas e se junta à coleção de seus personagens que gostaríamos de ver ainda mais o seu desenrolar.

Baseado no livro homônimo de Jonathan Ames, “Você Nunca Esteve Realmente Aqui” é um pesado drama de gente grande, um estudo de personagem com uma narrativa que prende e mexe com o espectador. Recomendadíssimo.

Curiosidades:

– Apesar do filme não explicar, o título Você Nunca Esteve Realmente Aqui se deve ao fato de que como o protagonista é um ex oficial, em todos os seus trabalhos ele nunca deixa rastros então é como se ele não estivesse estado lá.
– O fato de se mostrar o resultado da violência mais do que ela em si não foi uma decisão artística, mas uma escolha da diretora que não teve tempo de se preparar para filmar cenas de violência e então preferiu tentar essa outra abordagem.

SPOILER – SÓ LEIA DEPOIS DE VER O FILME:

– O filme tem muitas diferenças do livro. Algumas delas:
— No filme o Senador Votto se suicida (mas foi armado) e Nina mata o candidato o governador Williams antes de ser resgatada por Joe. No filme Joe mata o senador Votto e o candidato a governador Williams, mas não consegue resgatar Nina que esta em outro local e daí o livro termina com Joe indo atrás de Nina.
— No livro a esposa do senador Votto tem um papel chave na trama e acaba morrendo. No filme a personagem não existe.
— No livro Joe mata as pessoas usando uma série de aparatos. No filme, ele usa o mínimo possível, principalmente um martelo. Essa inclusive foi uma sugestão de Joaquim Phoenix.

Ficha Técnica

Elenco:
Joaquin Phoenix
Ekaterina Samsonov
Alessandro Nivola
Alex Manette
John Doman
Dante Pereira-Olson
Larry Canady
Vinicius Damasceno
Neo Randall
Judith Roberts
Frank Pando
Edward Latham

Direção:
Lynne Ramsay

Produção:
Rosa Attab
Pascal Caucheteux
Rebecca O’Brien
Lynne Ramsay
James Wilson

Fotografia:
Thomas Townend

Trilha Sonora:
Jonny Greenwood

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