Um Príncipe em Nova York 2 (“Coming 2 America”)

Há uma cena em que dois personagens falam sobre cinema e um deles ironiza “continuações de filmes velhos desnecessárias”, mas faz a ressalva de que “existem exceções”. Infelizmente a continuação do clássico da comédia “Um Príncipe em Nova York” de 1988 não faz parte das ressalvas.

Faz parte de uma subcategoria de sequencias que chamo de “passagem de bastão”, onde apesar de o protagonista do original continuar sendo o principal da continuação – no caso Eddie Murphy – já se vê uma relevância menor com um elenco mais jovem entrando para tomar conta. Acho que o único caso bem-sucedido desse artifício foi a saga de “Creed”, derivado de “Rocky”.

A premissa precisa de paciência para se absorvida. Agora que se tornou rei, Akeem (Murphy) sofre porque teve três filhas e nenhum filho herdeiro, já que as leis de Zamunda (a Wakanda de Murphy) não permitem uma rainha solo. Eis que do nada o xamã diz que ele teve sim um filho na sua viagem a Nova York há pouco mais de 30 anos. Opa, quando foi isso? Eles criaram uma cena em CGI que rejuvenesceu os personagens – por sinal ficou excelente – introduzindo algo que o público ainda não tinha visto. Akeem tem pressa em fazer seu filho e novo príncipe por causa das ameaças da tribo vizinha comandada pelo purpurinado Gerenal Izzy (Wesley Snipes que já trabalhou com o diretor e com Murphy em “Meu Nome é Dolemite”) e daí vai para Nova York buscá-lo.

Tudo acontece muito rápido e é até estranho que a maior parte do filme se passe em Zamunda, o que faz o título até perder o sentido. As melhores piadas vêm do elenco original como a cena do funeral do pai de Akeem, mas desperdiça grandes nomes como o comediante Arsenio Hall que sempre rouba as cenas, mas tem pouca participação, além dos personagens maquiados de Murphy e Hall que são hilários. Quando entra o elenco jovem, pouco se salva, não por culpa deles, mas do roteiro que não soube encaixar boas tiradas igualmente para todos.

Com mais erros do que acertos, “Um Príncipe em Nova York 2” só conta mesmo com o carisma de Murphy e seus coadjuvantes da época, mas com pouco conteúdo e com ritmo e piadas irregulares.

Curiosidades:

– O palácio do rei Akeem em Zamunda é nada mais que a casa do rapper Rick Ross. Será que ele é bilionário?
– A filha de Eddie Murphy, Bella, interpreta a filha do meio de Akeem, Omma.
– A atriz Madge Sinclair que fez a mãe de Akeem no original, faleceu de câncer em 1995 e por isso não aparece.
– A filha mais velha de Akeem se chama Meeka que nada mais é que Akeem lido ao contrário.
– James Earl Jones, o pai de Akeem, filmou as suas cenas sem sair de sua fazenda. Foi montado um mini estúdio lá onde ele filmou sozinho com a equipe e depois foi inserido nas cenas do filme.
– Durante as filmagens de “Bad Boys Para Sempre“, Will Smith e Martin Lawrence visitaram Eddie Murphy e Wesley Snipes porque são fãs dos dois e estavam filmando em estúdios vizinhos. Coincidentemente ambos os filmes são continuações de filmes feitos há muitos anos.
– Nas filmagens Eddie Murphy estava com 58 anos, a mesma idade que James Earl Jones quando filmou o primeiro em 1989 como pai de Akeem.
– Todo o figurino e símbolos de Zamunda foram inspiradas na cultura etíope.
– Há uma cena em Zamunda em que uma mulher segura um bebê na luz do sol. É uma homenagem a “Rei Leão”.
– As assistentes que distribuíam pétalas de rosas para o príncipe andar no original não aparecem na continuação.
– Na entrevista de emprego de Lavelle – filho de Akeem – o empregador se apresenta como Duke cujos avôs fundaram a empresa. É um crossover do filme “Trocando As Bolas” de 1983 com Eddie Murphy e Dan Aykroid. No final os velhos ricos ficam pobres e inclusive fazem uma participação em Um Príncipe em Nova York de 1989 como mendigos pedindo esmola ao Príncipe Akeem.

Ficha Técnica

Elenco:
Eddie Murphy
Arsenio Hall
Jermaine Fowler
Leslie Jones
Tracy Morgan
KiKi Layne
Shari Headley
Wesley Snipes
James Earl Jones
John Amos
Teyana Taylor
Vanessa Bell Calloway
Paul Bates
Nomzamo Mbatha
Bella Murphy

Direção:
Craig Brewer

Produção:
Eddie Murphy
Kevin Misher

Fotografia:
Joe ‘Jody’ Williams

Trilha Sonora:
Jermaine Stegall

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