Trash: A Esperança Vem do Lixo (“Trash”)

O cinema brasileiro tem grandes clássicos contemporâneos: “Central do Brasil”, “Cidade de Deus”, “Dois Coelhos”, “Tropa de Elite”, “O Homem do Futuro” apenas para citar alguns. Mas a grande média de produções se presta a levar gente como Leandro Hassun ou Fábio Porchat interpretando sempre os mesmos personagens em produções com idéias plagiadas e muito mal executadas, as quais se dão muito bem, talvez pelo riso fácil, inconsequente e até questionável do grande público.

Daí tem que vir o diretor Stephen Daldry do premiado “Tão Forte e Tão Perto” pra fazer um filme no Brasil com uma mensagem sócio política tão atual que nem parece que ele é britânico. Baseado do livro de Andy Mulligan, a história fala sobre três meninos de uma comunidade que vive na extrema pobreza e sobrevivem de catar lixo no principal depósito do Rio de Janeiro. Quando um deles acha uma misteriosa carteira com um código escrito pelo obscuro José Ângelo (Wagner Moura de “Elysium”), passam a ser perseguidos pelo implacável policial corrupto Frederico (Selton Mello de “O Palhaço”). Então eles enfrentam uma jornada para desvendar o código e a história por trás dele, antes que sejam pegos, contando com a ajuda do padre da comunidade (Martin Sheen de “Codinome Cassius 7”) e da linda ativista Olivia (Rooney Mara de “Terapia de Risco”, apaixonante quando tenta falar português).

Daldry foi espertíssimo em trocar a narrativa linear por enxertos de uma gravação feita pelos meninos narrando a história com direito a flashbacks em momentos sob medida. Os artistas mirins, aliás, são uma atração a parte, pois além de um carisma fabuloso, fazem o espectador comprar a idéia do filme. E isso faz com que o drama e a ação dê espaço a ótimos momentos cômicos, mas sem tirar a urgência da história.

O roteiro, bem escrito, faz com que a trama seja suficientemente profunda para prender a atenção, mas acessível para qualquer idade, inclusive fazendo com que nossos heróis mirins sejam capazes de entenderem o enigma. Também conta com a fotografia poderosa de Adriano Goldman (“Circuito Fechado”), outro que nem parece gringo de tão realista visão captada pelas suas lentes para transmitir o retrato de um país com tantas diferenças, da beleza à pobreza. Além disso, o carioquíssimo compositor Antonio Pinto de “A Hospedeira” complementa o visual e direção com uma mescla dos mais variados ritmos da realidade carioca, sem nunca cair no clichê.

E se o desfecho é um pouco idealista demais, é porque nosso país às vezes nos faz perder a esperança na justiça. Ou seja, um interessante caso onde o problema está com a gente e não com o filme. Tal qual naquela cena de “Tropa de Elite 2” dá uma surra num político corrupto, “Trash: A Esperança vem do Lixo”, além de ser muito bem feito, ainda faz o público sair de alma lavada.

Ficha Técnica

Elenco:
Rooney Mara
Martin Sheen
Wagner Moura
Selton Mello
Christiane Amanpour
André Ramiro
Jesuíta Barbosa
Rickson Tevez
Daniel Zettel
José Dumont
Stepan Nercessian
Gabrielle Weinstein
Maria Eduarda

Direção:
Stephen Daldry

Produção:
Tim Bevan
Eric Fellner
Kris Thykier

Fotografia:
Adriano Goldman

Trilha Sonora:
Antonio Pinto

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