Simonal

Às vezes o cinema nacional esgota algumas fórmulas até mesmo de subgêneros como o das cinebiografias de grandes artistas. Não que seja uma característica exclusiva do Brasil, mas aqui eles parecem seguir muito a risca as receitas de bolo e enfraquecem uma produção que, em outras mãos poderia decolar. Dá até pra traçar um paralelo perfeito com outro exemplar, “Tim Maia – Não Há Nada Igual”, só para entendermos o quanto de igual há sim.

Aqui estamos falando de Wilson Simonal, cantor negro que despontou nas paradas nacionais em sua voz, carisma e swing em pleno regime militar, mas teve sua ruína justamente por colaborar com a ditadura sendo acusado pela classe artística de delatar colegas (o que nunca foi provado).

O filme é tecnicamente muito bem feito e se dá ao luxo de começar com uma ótima cena em uma só tomada onde, ao fim, conhecemos o protagonista, interpretado por Fabrício Boliveira, e daí volta no tempo mostrando o inicio de sua carreira, seu apogeu, seu casamento com Tereza, personagem da linda Isis Valverde que coincidentemente já fez par romântico com o ator em “Faroeste Caboclo”, além de finalizar com sua queda através de decisões impulsivas as quais arruinaram sua carreira.

Essa esteira de eventos a) Pobreza b) Carreira c) Riqueza d) Casamento conturbado e) Derrocada é montada da mesma forma que na biografia de Tim Maia e de outros grandes artistas que o cinema nacional não se cansa em fazer, tudo embalado na discografia do cantor, independente do clima. Mesmo com histórias diferentes, sua direção, montagem e edição seguem o mesmo mantra.

A consequência é que, apesar de ainda bom e da relevante histórica, o resultado final, tanto em qualidade, como em potencial, vai se perdendo, como se houvesse uma previsibilidade tirada de um manual, onde cada cena é uma cópia bem feita de outros filmes parecidos, inclusive no mesmo momento ou ato.

Falando em ato, seu último ainda conta com uma pequena, mas notável falha narrativa que é não mostrar a trajetória final do cantor (a qual perdurou mais 25 anos) e se resumindo em mostrar uma alegoria enganadora de felicidade com ele cantando e um textinho mostrado o que aconteceu depois, seguido dos créditos com cenas reais de Simonal em seu auge. Quase uma covardia.

Simonal” é uma grande história que se fez mediana pela repetição de padrões a exaustão e pela falta de coragem de se levar o roteiro até as últimas consequências.

Ficha Técnica

Elenco:
Fabrício Boliveira
Isis Valverde
Leandro Hassum
Caco Ciocler
Mariana Lima
Lúcio Andrey
Billy Blanco Jr.
Júlio Braga
Paulo Campani
Paulo Carvalho
Paulão Costa
André Dale
Giovana De Toni
Charles Fricks
Bruce Gomlevsky

Direção:
Leonardo Domingues

Produção:
Nathalie Felippe

Fotografia:
Pablo Baião

Trilha Sonora:
Wilson Simoninha

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