http://www.youtube.com/watch?v=QxaqJrvjANg
Um governo populista que finge estar a serviço do povo quando na verdade se presta aos interesses de grandes corporações. Uma mídia manipuladora que paga por empresários e membros do governo, distorcem a realidade para que o público acredite ser inteligente enquanto é lesado em todos os aspectos. Um Estado corrompido em todos os escalões, o que ocasiona uma crescente e intransponível violência. Apesar de ser esse o retrato atual do Brasil, estamos falando de uma sociedade alternativa em 2028 nos EUA. Isto é, nessa situação, as coisas no Brasil chegaram primeiro.
Deixando a discussão sócio-política de lado, no filme – reboot do clássico homônimo de 1987 feito por Paul Verhoeven, porém com uma diferente abordagem – a empresa predadora Omnicorp já vende seus drones robóticos como alternativa à segurança pública em vários países do terceiro mundo, menos na América. Para tentar conseguir o apelo da população, eles pensam em colocar um homem numa máquina. Eis que o detetive Alex Murphy (Joel Kinnaman de “Protegendo o Inimigo”) acaba sendo a cobaia perfeita após sofrer um atentado que o deixa com grande parte do corpo comprometido e à beira da morte.
Esse é um mote cujo desenvolvimento consegue um feito que o original perdeu: discute toda a questão da criminalidade e ética e até onde a mídia, governo, polícia são responsáveis e/ou vítimas em escala global, ao mesmo tempo em que foca na jornada individual do agente Murphy, transformado numa máquina. Aliás, ambos os temas são interessantes, mas nesse remake, o protagonista recebe muito mais atenção. Tanto que o filme dedica boa parte do tempo expondo ao espectador até os mínimos detalhes do funcionamento da máquina e suas consequências para ele, sua família e aqueles que o cercam, sem nunca perder de vista que é um exemplar de ação.
Com cenas muito bem coreografadas, idéias geniais sobre o mecanismo sobre o qual Robocop funciona, e um timing certeiro, o brasileiro José Padilha faz uma trama surpreendente com uma dinâmica que não cansa a platéia. Logicamente é um exagero monstruoso dizer, como certos meios de comunicação o fizeram, que esse é um filme brasileiro feito nos EUA, até porque os únicos exemplares de ação nacionais que prestaram foram os próprios filmes de Padilha – “Tropa de Elite” e “Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro” – e o sensacional “2 Coelhos”, sem perder num passado um pouco mais distante, o seminal “Cidade de Deus“. No mais, o diretor obedece direitinho a cartilha de Hollywood de se fazer filmes de ação e, por sorte, competência ou uma combinação dos dois, consegue um resultado bem acima do esperado.
Com um elenco apenas correto, destaque para Gary Oldman de “Os Infratores” como o cientista Dennet, o personagem mais complexo da história que é ambicioso, porém com uma consciência ética das consequências dos seus atos. Os efeitos especiais também impressionam, principalmente na cena em que o protagonista é literalmente desmontado.
“Robocop” na maioria dos aspectos consegue ser superior ao original (o qual tinha um ‘quê’ de trash) sendo muito mais calcado num contexto real. Filmaço.
Ficha Técnica
Elenco:
Joel Kinnaman
Gary Oldman
Michael Keaton
Abbie Cornish
Jackie Earle Haley
Michael K. Williams
Jennifer Ehle
Jay Baruchel
Marianne Jean-Baptiste
Samuel L. Jackson
Aimee Garcia
Douglas Urbanski
John Paul Ruttan
Patrick Garrow
K.C. Collins
Direção:
José Padilha
Produção:
Marc Abraham
Eric Newman
Fotografia:
Lula Carvalho
Trilha Sonora:
Pedro Bromfman