O Cidadão Ilustre (“El ciudadano ilustre”)

O cinema argentino faz mais um golaço com a história de Daniel (Oscar Martínez de “Relatos Selvagens”), um escritor famoso que mora na Europa, ganhador do prémio Nobel de literatura, mas um homem cético e egocêntrico, dono de valores peculiares e saturado do show business literário.

Quando ele recebe um convite de sua cidadezinha Natal no interior da Argentina para receber uma premiação, ele pensa que pode ser uma forma de se reconciliar com o seu passado, do qual fugiu há mais de 40 anos, mas ao chegar na cidade encontra fãs e detratores na mesma medida, o que vai acarretar uma série de situações bastante delicadas.

Chama bastante atenção que o filme tem uma direção não convencional que muitas vezes se assemelha a um filme B por algumas questões técnicas de angulação e curiosidade. Mas com um desenho de personagem e roteiros fabuloso, isso pouco importa no final.

Primeiramente o protagonista é um homem complexo e sua própria jornada pelos dias em que passa na cidade de Salas o vai mudando, não necessariamente para melhor ou para pior, tanto em termos de sensibilidade, generosidade ou egoísmo, o que talvez seja a maior beleza do personagem. Ao mesmo tempo, os próprios coadjuvantes – moradores da cidade – também mudam ao longo do tempo, ou melhor suas máscaras e segredos caem a partir que evolui a dinâmica com o protagonista.

Na outra ponta temos o roteiro que constrói a série de eventos que se ligam naturalmente mesmo contando com uma profusão de personagens e tramas paralelas dentro da cidade, servindo de elementos para uma tensão crescente em que o drama de início passa a dar lugar a um suspense emocional, visto há uma poesia na história de Daniel que fugiu da sua cidade na juventude e agora se encontra preso dentro dela.

E, claro, há a reviravolta no desfecho que não só surpreende como fecha a jornada do personagem numa mistura de redenção, aceitação própria e – porque não – uma espécie de “troco” em sua própria história.

O Cidadão Ilustre” é minimalista em sua trama, mas psicologicamente épico, levando o espectador a surpresas, tensões e reviravoltas que pouquíssimos filmes do gênero são capazes de fazer. Ponto para os Hermanos!

Ficha Técnica

Elenco:
Oscar Martínez
Dady Brieva
Andrea Frigerio
Nora Navas
Manuel Vicente
Marcelo D’Andrea
Belén Chavanne
Gustavo Garzón
Julián Larquier Tellarini
Emma Rivera
Nicolás de Tracy
Daniel Kargieman
Alexis López Costa
Leonardo Murija
Pedro Roth

Direção:
Gastón Duprat
Mariano Cohn

Produção:
Fernando Sokolowicz

Fotografia:
Mariano Cohn
Gastón Duprat

Trilha Sonora:
Toni M. Mir

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