O Assassino (“The Killer”)

Quando um trabalho dá errado, um assassino profissional deve correr por sua vida, mas também parte para cima dos mandantes.

Essa é uma daquelas tramas que, vira e mexe, requenta cinemas e streamings. Mas o interesse aumenta quando estamos falando do diretor David Fincher de “Mank” que usa uma abordagem bem diferente ao interiorizar a narrativa onde o espectador pode comparar a filosofia do assassino com suas ações, o que talvez seja o artifício mais interessante da produção.

Michael Fassbender de “Quem Fizer Ganha” é o assassino e o trabalho dá errado logo que o filme começa. Só que antes há uma narração em off do personagem que já diz o tamanho de sua experiência e tudo aquilo que se requer para ser um “profissional de sucesso” na área. Assim, o espectador entende muito bem que ele é bom no que faz e que o erro foi uma fatalidade (sem trocadilhos).

Daí em diante acompanhamos sua fuga, sua corrida para encontrar os mandantes e os clientes e o principal: seu estado psicológico que começa a ruir diante do conflito entre sua filosofia e suas fraquezas. Assim sua corrida na verdade é em completar a sua missão pessoal antes que seu psicológico caia por terra.

O filme transcorre por capítulos e a cada um vamos conhecendo mais a personalidade dele, ao mesmo tempo em que subimos na pirâmide dos intermediários pelo trabalho até chegar no mandante.

Todo elemento colocado pelo diretor conta: o fato dele ficar repetindo mentalmente seus mantras enquanto muitas das vezes age contra os próprios, ou como ele tem um gatilho de relaxamento ao escutar qualquer música do The Smiths.

Essas e outras pequenas peculiaridades dão a alma da produção, enquanto seus encontros com suas vítimas oscilam entre o suspense, com direito a uma das melhores cenas de luta “mano a mano” do ano – que até rivaliza com “John Wick” – mas que também expõe um dos diálogos mais chatos no final, o da piada do urso, que praticamente foi tirada de um dos livros do Ary Toledo (a analogia da piada é clara, mas investiu um tempo desnecessário).

Baseado na graphic novel Alexis Nolent e Luc Jacamon, “O Assassino” é um ótimo thriller que se equilibra num suspense intimista com pitadas de ótima ação e acerta muito mais do que erra.

Obs: Para quem não reparou a nossa brasileiríssima Sophie Charlotte faz uma participação no filme!

Curiosidades:

  • Cada vez que o assassino apresenta um documento, ele usa um nome diferente e sempre referenciando personagens de séries de TV clássicas. Ao todo foram 9:
    • Felix Unger – Meu Melhor Inimigo (1970)
    • Archibald Bunker – Tudo em família (1971)
    • Oscar Madison – Meu Melhor Inimigo (1970)
    • Howard Cunningham – Happy Days (1974)
    • Reuben Kincaid – A Família Dó-Ré-Mi (1970)
    • Lou Grant – Lou Grant (1977)
    • Sam Malone – Cheers (1982)
    • George Jefferson – The Jeffersons (1975)
    • Robert Hartley – The Bob Newhart Show (1972)
  • A fonte do título de cada capítulo é a mesma usada no game The Hitman de 2016.
  • É um dos filmes de 2023 que mais ganhou dinheiro com marketing de product placement (quando a marca é introduzida como parte da história). Marcas divulgadas: McDonald’s, ACE Hardware, Hertz, and Amazon.
  • O início foi filmado no mesmo local do apartamento e restaurante da série “Emily in Paris”.

Ficha Técnica:

Elenco:
Michael Fassbender
Tilda Swinton
Charles Parnell
Arliss Howard
Kerry O’Malley
Sophie Charlotte
Emiliano Pernía
Gabriel Polanco
Sala Baker
Endre Hules
Bernard Bygott
Monique Ganderton

Direção:
David Fincher

História e Roteiro:
Andrew Kevin Walker

Produção:
Ceán Chaffin
William Doyle
Peter Mavromates

Fotografia:
Erik Messerschmidt

Trilha Sonora:
Trent Reznor
Atticus Ross

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