Quem diria uma ficção científica “Hitchcockiana” para mudar um pouco o cenário do segmento. O filme dá uma rápida introdução da protagonista interpretada pela competentíssima Kaitlyn Dever (“Rosalina“) e já parte para o que interessa: há uma invasão alienígena ocorrendo na calada da noite na casa dela que, convenientemente, é afastada da cidade, o que a impede, num primeiro momento de pedir ajuda.
A abordagem tem uma série de peculiaridades que entre narrativa e estética, enriquece o resultado. Primeiramente é que o filme é quase mudo, ou seja, não se fala uma palavra até quase 1 hora de filme. Somente ação. É um alívio ver que o personagem sozinho não fica falando coisas para que o espectador entenda o que já é óbvio. Portanto a personagem apenas grita, suspira e geme, o que se espera de uma pessoa numa situação como a dela.
Outro ponto importante é que o roteirista e diretor Brian Duffield criou uma lógica coesa para os extraterrestres: a maneira como se comunicam, suas armas, pontos fortes e fracos, seu planejamento, tudo é mostrado de forma consistente, cujo desenho vai ficando cada vez mais claro ao público que, inclusive também entende como nossa heroína pode (ou não) conseguir vencer uma batalha que se torna cada vez mais difícil e surpreendente.
Chega um ponto do filme em que ela pode pedir ajuda e o desafio é fazer o espectador entender porque não consegue. Chegamos então ao terceiro ponto positivo: ela tem um passado que, mesmo sem palavras é transmitido gradativamente em pedacinhos de cena, até chegar no último ato e vermos uma reviravolta muito mais devido á jornada emocional da personagem até lá do que ao próprio perigo representado pelos alienígenas (reparem que não falei o nome dela e apesar de isso estar em qualquer lugar o filme fica melhor sem saber nada a respeito de antemão).
Como muitos filmes sobre extraterrestres ou entidades sobrenaturais, o desafio do roteiro é sempre o desfecho, já que geralmente os mocinhos ou mocinhas costumam lutar contra uma força muito superior a eles, e é “nos finalmentes” que a história se atrapalha.
Aqui o desfecho é ousado em sua forma, inusitado em sua narrativa, subjetivo até certo limite, mas também com menos impacto que o esperado, o que enfraquece um pouquinho o desenvolvimento da trama.
“Ninguém Vai Te Salvar” é original e nostálgico evocando grandes mestres de terror e suspense do passado com ótimos efeitos especiais e direito até a arco dramático de uma protagonista que tem presença e força na tela.
Ficha Técnica:
Elenco:
Kaitlyn Dever
Elizabeth Kaluev
Zack Duhame
Lauren L. Murray
Geraldine Singer
Dane Rhodes
Daniel Rigamer
Evangeline Rose
Dari Lynn Griffin
Direção:
Brian Duffield
História e Roteiro:
Brian Duffield
Produção:
Brian Duffield
Allan Mandelbaum
Tim White
Trevor White
Fotografia:
Aaron Morton
Trilha Sonora:
Joseph Trapanese
