Máquina de Guerra (“War Machine”)

Sabe aquela pessoa que você acha culta, inteligente, mas de repente você a pega nas redes sociais bradando em defesa de políticos de estimação de seu partido ideologicamente favorito, além de atacar o político do mesmo saco de corrupção, mas do partido adversário? Você pensa como um cara tão instruído pode cometer uma estupidez dessa sem se dar conta que está sendo facilmente manipulado como massa de manobra e ainda por cima começa até a cortar relações com quem pensa de outra forma. Ainda não há resposta além de se questionar o quão inteligente a pessoa realmente é.

Máquina de Guerra” não traz essa resposta, mas nos apresenta um cara igualzinho: General Glen, interpretado por Brad Pitt (“Aliados”). Ele é enviado ao Afeganistão para “dar conta da guerra” e na cabeça dele, crê piamente que está fazendo a diferença, que é mais inteligente que todos os seus antecessores e que, por ter vindo de uma escola militar, as estratégias de guerra que ele remonta são suficientes para desmontar a insurgência no país, conquistar apoio político e vencer (leia-se dominar) o Afeganistão e tudo isso – no raciocínio dele – em prol do povo afegão.

Apesar de ter a palavra guerra estampada no título, o filme produzido pela Netflix e Pitt é mais uma comédia dramática que entra nos bastidores do real sentido da guerra. Pitt está ótimo com seu jeito quase caricato, com mãos sempre em forma de garra, andar atarracado, mas ao mesmo tempo uma inteligência e carisma que conquista seguidores dentre sua equipe. Ao mesmo tempo que rimos de suas peripécias, o narrador em off – na voz de Scoot McNairy de “Mar Negro” cujo personagem conhecemos mais pra frente – literalmente desmistifica todo o aparato verborrágico usado para disfarçar uma guerra vã em algo que seja relevante para o povo americano ou afegão.

O diretor David Michôd (“A Caçada”) tem um roteiro excelente em mãos, um elenco que é talentoso e engajado e consegue transitar entre a comédia e o drama sem que a essência se perca. Talvez seu maior (e talvez único) pecado tenha ter se estendido demais em duas horas para passar uma mensagem com algumas cenas esticadas demais (Ex: a operação em Kandaar no início do terceiro ato), o que também acabou fazendo os personagens repetirem determinados maneirismos que devem trazer um leve incômodo ao espectador.

Uma participação surpresa nos últimos segundos mais que especial reforça a ótima mensagem passada por “Máquina de Guerra” que, muito bem feito, se mostra cético à nossa maneira de fazer política e de como gastamos tanto em fogos de artifício e pouco onde realmente importa. Ótima pedida, mas com menos vinte minutos, seria uma peróla.

Ficha Técnica

Elenco:
Brad Pitt
Anthony Hayes
John Magaro
Anthony Michael Hall
Emory Cohen
Topher Grace
Daniel Betts
Aymen Hamdouchi
RJ Cyler
Alan Ruck
Nicholas Jones
Will Poulter
Lakeith Stanfield
Ben Kingsley
Meg Tilly
Griffin Dunne
Josh Stewart
Kola Bokinni
Derek Siow
Hopper Penn
Pico Alexander
Scoot McNairy

Direção:
David Michôd

Produção:
Ian Bryce
Dede Gardner
Jeremy Kleiner
Brad Pitt

Fotografia:
Dariusz Wolski

Trilha Sonora:
Nick Cave
Warren Ellis

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