Logan

Os melhores filmes de super herói são aqueles que tem grandes histórias e muito bem contadas e por acaso, super heróis nelas. Por exemplo, uma trama de espionagem internacional que acontece de ter super heróis como é o caso de “Capitão América 2 – Soldado Invernal”; ou uma ficção científica super criativa onde seres comuns acabam salvando o universo como “Guardiões da Galáxia”; ou uma comédia que satiriza todas as convenções do gênero, e é claro que estamos falando de “Deadpool”; apenas para citar alguns.

Logan” está para o mundo dos X-Men, assim como “O Cavaleiro das Trevas” está para o mundo da DC Comics. Só que enquanto este último é o definidor de Batman em tudo o que veio antes e que se seguiu depois, “Logan” tem pouquíssimos mutantes, mas define toda a sua população e não só fecha a trilogia iniciada por “X-Men Origins: Wolverine” como também é o derradeiro episódio e a catarse de todos os X-Men. É difícil ter palavras ao sair de “Logan”.

Estamos em 2029 e encontramos Logan mais velho e desiludido com a vida. Os mutantes se foram (no decorrer do filme descobre-se como) e ele cuida de um Professor Xavier com um Alzheimer em estado avançado (imaginem o que acontece quando a mente mais poderosa do mundo tem Alzheimer), dividindo essa tarefa com o mutante Caliban, que fez uma breve aparição em “X-Men: Apocalipse”, mas aqui na pele de Stephen Merchant de “Passe Livre”. É então que a pequena e misteriosa Laura (a surpreendente atriz mirim Dafne Keen) aparece como fugitiva de mercenários contratados de um grande laboratório, liderados pelo perigoso Pierce (Boyd Holbrook de “Morgan” ou mais conhecido como o policial da série “Narcos”). Logan então acaba tendo que levar a menina junto com Xavier a um local onde ela acredita que pode ser um refúgio para os mutantes.

Como um tocante drama sobre o que é ser uma família, mesmo que não consanguínea, mas unida por grandes feridas ou tragédias, a produção não esquece dos filmes passados e faz constantes vínculos sem ser explícito como a espada que Wolverine ganha na segunda parte de sua trilogia ou o derradeiro destino dos X-Men e o quanto a afirmação de que tamanho poder pode ser destrutivo se não controlado pode ser correta, além de finalmente entendermos o que foi a cena depois dos créditos de “X-Men: Apocalipse”.

Aliás, o filme pode ser resumido na cena em que Xavier e Laura estão vendo TV e está passando “Os Brutos Também Amam”, cuja trama é praticamente análoga onde um homem que foge de seu passado violento, busca alento em uma família, mas acaba retornando à sua essência quando a família é ameaçada por pistoleiros. E é assim com Logan e talvez com todos os personagens que trafegam no filme.

O diretor James Mangold finalmente acertou a mão depois da escorregada no filme do Wolverine anterior e fez algo completamente diferente e muito mais visceral e violento que até teve classificação mais alta pela censura dos EUA. Isso porque, além dos palavrões, as lutas são sangrentas e explícitas. Não dá pra negar que é delicioso ver o Wolverine que conhecemos arrancando cabeças, pedaços do rosto, braço e pernas, perfurando crânios ao invés daquelas lutas assépticas que a gente nem vê sangue.

O elenco parece em perfeita sintonia onde tanto Hugh Jackman como Patrick Stewart mostram novas facetas de seus personagens, mais deteriorados e frágeis, enquanto Dafne Keen faz o contraponto como a personificação do mutante à flor de sua energia.

Com algumas importantes surpresas, Logan une todas as pontas da série e tem um desfecho de apertar o coração dos fãs que há 15 anos acompanham a saga dos X-Men e faz desse não só um dos melhores filmes de super-herói de todos os tempos, como também um dos melhores dramas de ação nos últimos anos. Mas calma que “Deadpool 2” vem aí.

Curiosidades:

– Patrick Stewart precisou perder quase 10Kg para interpretar Charles Xavier doente. Segundo ele, é a primeira vez que ele precisou fazer uma transformação mais drástica em seu corpo para um papel.
– Os “Brutos Também Amam” tem o título original de Shane, o qual trem cinco letras tal qual Logan. Não é coincidência.
– As revistas dos X-Men mostradas no filme foram feitas especialmente para a produção e não são exemplares antigos ou vendidos nas bancas.
– A história tem seu contexto baseado na revista “Old Man Logan” mas também é inspirada nos clássicos “Os Imperdoáveis” (1992), “O Lutador” (2008) e “Os Brutos Também Amam” (1953).
– O diretor incluiu na trilha sonora uma música de Johnny Cash, sendo que ele já dirigiu a cinebiografia do cantor, “Johnny & June” (2005).
– No elevador do hotel, reparem que há o botão 12 seguido do 14. Isso porque alguns hotéis acreditam que o número 13 dá azar.
– Não tem cena depois dos créditos.

A partir daqui, vamos falar de SPOILERS então se não tiver visto o filme, melhor não ler abaixo:

– Interessante como a desajeitada trilogia do Wolverine que fecha com chave de ouro consegue se encaixar muito bem nas outras duas trilogias do X-Men. Em “X-Men: Primeira Classe”, Logan aparece rapidamente enquanto Xavier e Magneto tentam recrutar mutantes para a sua escola. Ele ainda não tinha sido capturado por Willian Striker.
– Em “X-Men Origins: Wolverine” ele finalmente é capturado para o programa Arma X, mas escapa o que vai leva-lo mais tarde a ser achado no primeiro filme da série “X-Men”.
– Só que em “X-Men: Dias de um Futuro Esquecido”, Wolverine volta no tempo e junto com os jovens mutantes salva o mundo e de quebra faz com que o futuro que se passou na primeira trilogia do “X-Men” desapareça e quando acorda no presente, ele vê Jean Grey, Cyclope e todos os outros vivos. Ainda assim, lá nesse novo passado ele ainda é capturado por Willian Striker, só que de outra forma (no final, içado do mar).
– Sendo assim, tudo o que aconteceu em “X-Men Origins: Wolverine” a partir de sua captura também mudou. Percebemos isso em “X-Men: Apocalipse”, pois é lá que nesse novo passado, Wolverine escapa, mata uma galera e liberta os jovens X-Men. A aí sim de lá será achado na primeira trilogia do “X-Men” só que num novo futuro onde todos vivem.
– Chegamos então na cena depois dos créditos de “X-Men: Apocalipse” onde executivos coletam as amostras de sangue e raio-X de Wolverine, junto com outras amostras de mutantes (reparem na pasta sangue de várias cores). A companhia Essex mostrada no final pertence ao Dr. Sinistro na HQ, mas no filme eles fizeram uma mudança, pois o cientista que seria o Dr. Sinistro é na verdade o Dr. Rice que é filho do William Striker. E então entendemos que as amostras são para criar novos mutantes e todo o histórico coletado do Wolverine é para criar o X-24, o que demorou décadas para acontecer, visto que a primeira trilogia passou inteira sem sinal desses eventos.
– Mentira: o grande sinal desses eventos acontece em “X-Men 3: O Confronto Final”, pois a própria vacina que tira a mutação das pessoas também as esterilizava e isso junto com as mutações nos alimentos e bebidas acabou por sua aniquilação. Lembrando que é depois disso que acontece “Wolverine: Imortal“.
– Mas talvez a revelação mais chocante é quando Xavier lembra que foi ele que matou os X-Men que sobraram quando teve um surto por causa do Alzheimer ferindo mais de 600 pessoas, o que desencadeou um ódio aos mutantes.
– A chave de ouro é o último minuto quando Laura faz de uma cruz o verdadeiro símbolo de tudo o que vivenciamos nessas três trilogias. Lógico que dizem que Logan pode ser considerado uma espécie de realidade alternativa, coisa que os gibis fazem bastante. Mas é tão interessante que a verdade mesmo dura, deve ser a verdade.

Ficha Técnica

Elenco:
Hugh Jackman
Patrick Stewart
Dafne Keen
Boyd Holbrook
Stephen Merchant
Elizabeth Rodriguez
Richard E. Grant
Eriq La Salle
Elise Neal
Quincy Fouse

Direção:
James Mangold

Produção:
Simon Kinberg
Hutch Parker
Lauren Shuler Donner

Fotografia:
John Mathieson

Trilha Sonora:
Marco Beltrami

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