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Há duas formas de se ver a continuação de Divergente: A primeira delas faz com que o filme seja realmente bom e ainda melhor que o primeiro.
Tris (Shailene Woodley), Quatro (Theo James), Caleb (Ansel Elgort) e Peter (Miles Teller) continuam fugindo de Jeanine (Kate Winslet) e seu exército, como no final do antecessor. Jeanine descobre uma caixa que pode conter uma mensagem dos fundadores da cidade avalizando seus métodos rígidos (porque não dizer maléficos) para extermínio dos divergentes. Só que a caixa só pode ser aberta por um deles. E quem você acha que vai se a escolhida?
Dirigido por Robert Schwentke de “R.I.P.D. – Agentes do Além”, a produção nunca perde o ritmo e até os momentos mais calmos são orgânicos dentro da ação quase desenfreada. Ao contrário de muitos livros infanto-juvenis, o roteiro não poupa personagens e, apesar de ser graficamente discreto, as mortes são impactantes o suficiente para provocar a tensão na medida certa.
O elenco compra bem a história e Shailene Woodley desempenha cada vez melhor seu papel de uma jovem instável que passa longe das heroínas clichês que existem por aí. A introdução da misteriosa Evelyn (Naomi Watts de “Birdman”) como a líder dos sem facção (uma espécie de MST de lá) talvez tenha sido a melhor escolha do livro / roteiro e sua personalidade é tão complexa quanto a de Tris.
A produção tem um tom muito mais épico e os efeitos especiais não decepcionam, tanto na construção das diferentes cidades das facções, quanto na simulação da caixa. Aliás, vamos combinar que a tal simulação foi praticamente chupada da trilogia “Matrix”.
Pausa para um detalhe: no livro não existe caixa, nem nada de simulações. A mensagem está encriptada num computador.
A segunda forma de ver “Insurgente” seria fazer uma análise mais detalhada do roteiro e suas questões filosóficas. Daí a coisa muda um pouco de figura. Como a segunda parte ainda era uma dúvida na cabeça dos estúdios, avalizada somente com o sucesso de bilheteria do primeiro, muitos aspectos da continuação ainda não haviam sido pensados. Portanto a introdução da tal caixa é praticamente uma forçada de barra: porque Jeanine nunca procurou a caixa e como ela sabia da existência dela? Como de repente ela sabia que estava na facção da abnegação? Porque ela achava que era uma mensagem a favor da divisão da sociedade em facções? Qualquer pretensa resposta para esses e outras perguntas vai esbarrar em algum furo que será preenchido por mera inferência. E isso enfraquece o roteiro, diluindo o sentido de toda a história.
Por isso que é melhor ver e analisar “Insurgente” da primeira forma: uma ação épica mesmo que descompromissada com alguns aspectos lógicos e narrativos que tem uma boa construção de personagens, tornando-se puro divertimento. Se pensar muito estraga.
Ficha Técnica
Elenco:
Shailene Woodley
Theo James
Ansel Elgort
Miles Teller
Kate Winslet
Naomi Watts
Jai Courtney
Mekhi Phifer
Lyndsi LaRose
Charlie Bodin
Octavia Spencer
Zoë Kravitz
Ben Lloyd-Hughes
Tony Goldwyn
Ashley Judd
Ray Stevenson
Jonny Weston
Keiynan Lonsdale
Suki Waterhouse
Emjay Anthony
Rosa Salazar
Maggie Q
Direção:
Robert Schwentke
Produção:
Lucy Fisher
Pouya Shahbazian
Douglas Wick
Fotografia:
Florian Ballhaus
Trilha Sonora:
Joseph Trapanese