https://www.youtube.com/watch?v=SpFBCZ5yrBI
O monstro japonês mais famoso do cinema completa 60 anos e Hollywood resolveu pre$tar uma homenagem com uma superprodução milionária que tenta dar um enfoque que destoa entre o fantasioso e o realista, formando uma salada conceitual que não desce muito bem. O diretor Gareth Edwards do excelente “Monstros” mostra um retrospecto sobre o monstro inferindo que ele foi criado pela bomba atômica de Hiroshima e na sua primeira aparição em 1954 (data de seu primeiro filme), pensou-se ter sido exterminado com outra bomba.
Corta para quinze anos atrás onde ocorre um acidente nuclear no Japão cuja causa pode ter sido um misterioso monstro, mostrando-se como um primeiro ato bastante eficiente. Corta de novo para o presente onde o soldado Ford (Aaron Taylor-Johnson de “Kick Ass 2”) investiga com seu pai Joe (Bryan Cranston, o icônico Walter White da aclamada série “Breaking Bad”) esses acontecimentos misteriosos e descobre que as forças armadas escondem um mostro que não tarda a se soltar ameaçando grandes cidades e junto com ele surge Godzilla, cujas intenções todos desconhecem.
Nem é preciso dizer que os efeitos especiais, o design de produção e a fotografia, enfim, os vários aspectos técnicos são o ponto alto, bem como as cenas de ação que prendem a atenção mais pela beleza visual do que pela execução, a qual mesmo com cenas emblemáticas, ainda peca pela falta.
O grande problema é que o roteiro quer nos fazer engolir algo que não é mais cabível nos dias de hoje. Começa com a paranoia imbecil do tal Dr. Ishiro (Ken Watanabe de “A Origem”) afirmando que Godzilla veio trazer o equilíbrio entre os monstros e que a melhor coisa a fazer era – pasmem… e pasmem mais um pouco – deixar ele lutar com os outros monstros (no meio de uma metrópole matando milhões de pessoas, mas isso ele não diz). Quando o filme começa a tendenciar para esse caminho com um aparente consentimento velado dos personagens começa a fazer a história descer quadrado. Constatar que as forças armadas mundiais não consegue lançar nenhuma arma pra matar os monstros com todo o tempo que eles tiveram porque “eles se alimentam de energia nuclear” como se não houvesse nenhum outro tipo de arma, já passa a ser um insulto à inteligência.
(ALERTA DE SPOILER: passe o mouse para ler o trecho): Finalmente, ter que aguentar o desfecho onde o bicho é praticamente aclamado tendo matado milhares pelo caminho e nada ser feito contra ele, aí sim é de doer. Praticamente destrói qualquer chance de se levar à produção a sério, independentemente de qual lenda oriental seja contada em torno do monstro. Pior é ver o protagonista, personagem de Aaron Taylor-Johnson, como um verdadeiro Highlander que parece sobreviver a todo tipo de dano corporal.
E Godzilla é isso: um milionário e visualmente atrativo caça níqueis que despreza qualquer e verossimilhança com a realidade, desperdiça um bom elenco e empurra goela abaixo doses cavalares de incoerência. Qualquer ser inteligente vira bicho depois dessa.
Ficha Técnica
Elenco:
Aaron Taylor-Johnson
Ken Watanabe
Bryan Cranston
Elizabeth Olsen
Carson Bolde
Sally Hawkins
Juliette Binoche
David Strathairn
Richard T. Jones
Victor Rasuk
Patrick Sabongui
CJ Adams
Direção:
Gareth Edwards
Produção:
Bob Ducsay
Jon Jashni
Mary Parent
Brian Rogers
Thomas Tull
Fotografia:
Seamus McGarvey
Trilha Sonora:
Alexandre Desplat