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Algumas vezes ouvimos dizer que nos EUA o que menos conseguimos encontrar são americanos. A quantidade de etnias que lá existe já o torna um país multicultural. É de se estranhar, portanto, que ainda haja racismo contra outras raças, principalmente negros e hispânicos. Pelo menos “Espanglês” (título traduzido ao pé da letra, ainda bem) trata do lado light dessa mistura com muito carinho, apesar de algumas falhas.
Flor (Paz Vega de “Fale com ela“) é uma imigrante mexicana que vai com sua filha às terras ianques para tentar a vida (lógico). Seis anos mais tarde, ela se vê num dilema e tem que trabalhar para uma família de americanos. Detalhe: Flor não fala uma palavra em inglês, o que parece um exagero do roteiro já que está nos Estados Unidos há seis anos e sua filha tem um inglês impecável! E mesmo assim, a família americana aceita trabalhar com ela (por U$ 650 por semana, diga-se de passagem, só para termos idéia de quanto nós brasileiros ganhamos mal).
Muito além da diferença lingüística e cultural, o filme encontra seu centro nos problemas dessa família: David (Adam Sandler de “Eu os Declaro Marido e… Larry!“) é um cozinheiro renomado que vive um relacionamento infeliz com Deborah (Tea Leoni de “As Loucuras de Dick e Jane“), mulher que se perdeu em suas ilusões de grandeza e vive de criticar seus filhos e marido, além de possuir alguma espécie de transtorno obsessivo. Além disso, há a mãe de Deborah, a alcoólatra Evelyn (Cloris Leachman de “Papai Noel às avessas“) e os dois filhos. Com a chegada de Flor, tudo muda naquela família.
Um filme praticamente de atuações, tem sua força principal no casal formado por Sandler e Leoni. Sandler está numa ótima representação intimista, bem diferente do que costuma fazer, enquanto Tea Leoni consegue ser histérica sem parecer forçada. Seu timing é perfeito! O ponto fraco reside justamente em Paz Vega: apesar de linda e ter uma presença carismática na tela, sua Flor é bastante artificial cheia de trejeitos que não convencem ninguém. A curiosidade é que Vega não falava nada em inglês na vida real também. Porém, quem rouba praticamente todas as cenas é o elenco mirim formado pelas iniciantes Shelbie Bruce (Cristina, filha de Flor) e Sarah Steele (Bernice, filha de David e Deborah). Elas também são apaixonantes. Destaque para a rápida participação especial de Thomas Hyden Church, indicado ao Oscar por “Sideways – Entre umas e outras“.
Após, seis anos parado, o diretor Jamos L. Brooks (de “Melhor é Impossível“) nos entrega um filme honesto, sem grandes surpresas, mas com bastante brilho, caso o expectador consiga engolir alguns buracos do roteiro. Para assistir acompanhado, o filme pode não ser uma tradução perfeita, mas para bom entendedor, meia palavra basta.
[rating:3]
Ficha Técnica
Elenco:
Adam Sandler
Téa Leoni
Paz Vega
Direção:
James L. Brooks
Produção:
Julie Ansell
James L. Brooks
Richard Sakai
Fotografia:
John Seale
Trilha Sonora:
Hans Zimmer