Elle

Os acimas de trinta anos podem conhecer o diretor alemão Paul Verhoeven por ter feiro alguns dos grandes clássicos pop das décadas 80 e 90, incluindo “Robocop”, “O Vingador do Futuro” e “Instinto Selvagem”. Depois caiu no esquecimento com produções de fracas pra baixo.

Depois de um longo hiato longe das telas é uma grata surpresa ver como ele voltou com toda ousadia em “Elle” uma espécie de suspense dramático que parece ter saído da cabeça de David Cronenberg com toques de Brian De Palma.

Isabelle Huppert (“Dois Lados do Amor”) é Michele que acabara de ser estuprada na própria casa (a introdução é perfeita com o gato no início), mas curiosamente não conta a polícia. Ao longo da trama, vamos conhecendo a protagonista e sua alma torturada, enquanto ela tenta descobrir quem é o seu algoz, ao mesmo tempo que estabelece relações doentias com todos à sua volta.

Huppert está perfeita como uma sociopata que de tão perturbada acaba tendo sentimentos conflitantes em torno do criminoso que a estuprou, numa espécie de medo e fascinação, além de desferir afiados e maldosos golpes em amigos, parentes e amantes que cruzam o seu caminho. É quando o espectador percebe que a narrativa não é sobre um crime, mas sobre a vítima que talvez de vítima tenha muito pouco. Sua própria sanidade mental é questionada no fim do relacionamento com mãe onde ela parece rejeitar a realidade ou no confronto com o pai que tem junto à filha um passado tenebroso.

Paul Verhoeven sabe exatamente o caminho para tornar a produção gradativamente mais perturbadora quando somos surpreendidos constantemente pela imprevisibilidade da dinâmica dos personagens (a sequencia do nascimento do neto de Michele é impagável). Isso muito bem auxiliado por uma leve, mas tensa trilha sonora de Anne Dudley (“O Acompanhante”).

Elle” vale cada minuto onde a atenção do espectador é sempre presenteada com uma sutil, mas inteligente reviravolta numa narrativa povoada por personagens que estão a um dedo de perder o chão da realidade.

Curiosidades:
– O diretor alemão Paul Verhoeven teve que aprender francês para melhor se comunicar com elenco e equipe.
– O filme teria 3 horas de duração, mas foi editado para 2 horas e 10 minutos.
– Algumas cenas foram adiadas, pois as filmagens ocorreram na época dos atentados em Paris.

Ficha Técnica

Elenco:
Isabelle Huppert
Laurent Lafitte
Anne Consigny
Charles Berling
Virginie Efira
Judith Magre
Christian Berkel
Jonas Bloquet
Alice Isaaz
Vimala Pons
Raphaël Lenglet
Arthur Mazet
Lucas Prisor
Hugo Conzelmann
Stéphane Bak

Direção:
Paul Verhoeven

Produção:
Saïd Ben Saïd
Michel Merkt

Fotografia:
Stéphane Fontaine

Trilha Sonora:
Anne Dudley

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