Até então nunca uma produção havia abraçado tanto o tema da pandemia e isolamento social quando esta, dirigida por Doug Liman de “Mundo em Caos”, que parece ter dado um tempo de filmes de ação para se concentrar uma dramédia light com toques do gênero roubo a banco, o que lembra muito as obras de Steven Soderbergh.
Anne Hathaway de “A Última Coisa que Ele Queria” e Chiwetel Ejiofor de “Doutor Estranho” são respectivamente Linda e Paxton, um casal que durante o isolamento da pandemia, descobriu que já não se amava mais, porém tem que conviver um com o outro até que o isolamento acabe. Lá pelo segundo ato seus caminhos se cruzam quando um diamante da empresa onde Linda trabalha precisa ser transportado pela empresa logística onde Paxton trabalha e daí eles se juntam para decidir se é uma boa roubar esse diamante.
De cara os primeiros dois atos são os melhores porque trazem uma afinidade muito grande com o espectador sobre os novos costumes trazidos pelo isolamento e suas consequências sociais e financeiras. A dupla de protagonistas está ótima e as situações as quais eles passam dentro de suas casas. Inclusive o diretor conseguiu transportar o espectador para esse mundo das videoconferências com piadas muito boas, afiadas e participações especiais surpresa que os cinéfilos devem gostar.
O problema está justamente com o elemento que deveria esquentar a trama, o tal diamante. Acontece o inverso: o dilema do relacionamento dos personagens fica diluído na possibilidade do roubo do diamante, que por si só geram sequencias mornas e que só fazem esticar uma narrativa que, até pelo contexto intimista, precisa de uma dinâmica mais acelerada ou, no mínimo, diálogos e situações mais criativos. É tudo isso que o filme não entrega no último ato, deixando ainda um desfecho borocoxô que nem parece ter sido feito após os eventos com o diamante, além de trazer uma solução rasa para todos os dilemas e conflitos construídos até então. Sem contar que o próprio desfecho do “roubo” não fica bem explicado.
“Confinamento” navega muito bem enquanto fala de isolamento e relacionamento, mas descarrilha quando coloca o elemento do roubo na trama. Vale por Hathaway e Ejiofor que deveriam fazer uma peça de teatro só com os primeiros dois atos.
Curiosidade:
– Tudo foi filmado em apenas 18 dias.
– Por causa da pandemia não deu tempo do elenco se preparar então os textos eram grudados nas paredes para eles poderem falar.
– Tirando o elenco, todos os figurantes foram pessoas normais e empregados de verdade da joalheria por causa que não se podia contratar mais ninguém dada a pandemia.
– Os atores que fazem o casal David e Maria (Dulé Hill e Jazmyn Simon respectivamente) são casados na vida real e até já participaram de um documentário sobre seu relacionamento, chamado “Black Love”.
– O comediante Ben Stiller faz uma participação especial e hilária no filme, e o ator que interpreta o filho de seu personagem é o próprio filho de Ben Stiller.
– Há também uma cena logo no início de uma vídeo conferência que o ator Dan Ball aparece com uma criancinha. Ele é também seu filho na vida real.
Ficha Técnica
Elenco:
Anne Hathaway
Chiwetel Ejiofor
Dulé Hill
Jazmyn Simon
Ben Kingsley
Ben Stiller
Sam Spruell
Stephen Merchant
Mindy Kaling
Bobby Schofield
Tallulah Greive
Dan Ball
Katie Leung
Mark Gatiss
Eva Röse
Quinn Dempsey Stiller
Shereen Gray
Claes Bang
Lucy Boynton
Marek Larwood
Direção:
Doug Liman
Produção:
Michael Lesslie
P.J. van Sandwijk
Alison Winter
Fotografia:
Remi Adefarasin
Trilha Sonora:
John Powell
