É o típico drama urbano brasileiro da família classe média disfuncional, tema recorrente na cinegrafia de um país com pouco dinheiro e poucas idéias. O que diferencia uma produção das outras é a execução, abordagem e outros detalhes.
Aqui, o “detalhe” (com aspas mesmo) é a soberba performance da atriz Maria Ribeiro da saga “Tropa de Elite”. Ela é Rosa e está vivendo um verdadeiro inferno astral: seu casamento está em frangalhos, stress total com as filhas pequenas, acaba de ser demitida do trabalho, um pai (divorciado) que vive de pedir favores a ela e, para coroar, a relação com a mãe que já era ruim, torna-se ainda mais delicada quando num almoço em família sua mãe solta a bomba de que teve um caso há muitos anos e que na verdade Rosa é filha de uma noite de affair com um poderoso político.
A história praticamente segue Rosa lidando com todos esses problemas e, no meio de tudo, passa algumas interessantes mensagens sobre relacionamentos e felicidade. Tanto que o roteiro ganha mais com essas reflexões nas entrelinhas do que com a essência da trama em si.
Não há nenhum destaque narrativo, muito menos na direção de Laís Bodanzky que se limita ao básico da condução, com um pequeno destaque no último minuto numa bonita composição áudio visual, incluindo à animação do título que refere a tentativa geralmente infrutífera que fazemos de nos distanciarmos de nossos pais na maneira qe educamos os filhos, mas que na verdade não passa da repetição de um ciclo.
Até mesmo a jornada emocional da protagonista vira um proposital (nem por isso bom) ponto de interrogação. Óbvio que a mensagem de “vida que segue” faz parte disso, mas a subjetividade é exagerada.
É então que Maria Ribeiro quase consegue desfazer todos os deslizes carregando o filme das costas. Presente em quase todas as cenas, suas ações e reações são tão verossímeis quanto emocionantes, e ela levanta a barra da atuação até para artistas experientes como Clarisse Abujamra (“Sérgio”) que faz a sua mãe ou Herson Capri (“As Mães de Chico Xavier”) que interpreta seu pai biológico. Enquanto isso, vemos um Paulinho Vilhena (“Turma da Mônica: Laços”) mais maduro, mas ainda longe de performances razoáveis.
“Como Nossos Pais” se faz em cima da sua protagonista Maria Ribeiro com ela mais responsável por contar a sua própria história do que o próprio roteiro.
Ficha Técnica
Elenco:
Maria Ribeiro
Clarisse Abujamra
Paulo Vilhena
Herson Capri
Felipe Rocha
Sophia Valverde
Annalara Prates
Jorge Mautner
Cazé
Antonia Baudouin
Gabrielle Lopez
Gilda Nomacce
Miguel Cseh
Direção:
Laís Bodanzky
Produção:
Caio Gullane
Fotografia:
Pedro J. Márquez