Cinquenta Tons Mais Escuros (“Fifty Shades Darker”)

Que “Cinquenta Tons de Cinza” foi um dos piores filmes de 2015 todo mundo sabe. Tanto que foi o grande vencedor do prêmio Framboesa de Ouro 2016 que elege os piores de Hollywood. E se não deveria ser surpresa que esta sua continuação é quase tão ruim quanto, não deixa de ser espantoso que a franquia tenha virado uma paródia de si mesma.

Nos “Tons de Cinza”, Anastasia acaba a relação por achar um absurdo as preferências sadistas de Grey, enquanto nos “Tons Mais Escuros”, em menos de cinco minutos eles estão juntos novamente, como se o roteiro tivesse desenvolvido Alzheimer de si mesmo. Aliás, essa característica se torna recorrente durante toda a projeção: qualquer briga que o casal tenha (o que não faltam é motivos, dos imbecis, até realmente relevantes), em três minutos, já estão de bem e transando, como se a discussão nunca tivesse vindo a tona. O que enfraquece imensamente a narrativa, pois tudo é tratado superficialmente eliminando a tensão por qualquer conflito que seja.

Até o acidente do helicóptero é resolvido num piscar de olhos, como se o diretor James Foley (do fraco “A Estranha Perfeita”) quisesse com uma péssima edição inserir dezenas de mini historietas do livro nas já inchadas duas horas, ao invés de se concentrar numa linha narrativa consistente que desenvolvessem os personagens. Pelo contrário, eles não só continuam estagnados, como passa até a impressão que regrediram.

A ostentação de Christian Grey seria trágica se não fosse cômica, já que ele passa o filme inteiro cacarejando que pode comprar o mundo ou até mesmo já comprou e se comporta como uma criança mimada, sem a mínima afinidade com o público, a não ser pelo físico que é exibido como carne em açougue (ou na cama, ou na sua mini academia, como queiram). Anastasia faz pior e presta um desserviço na luta contra o machismo: ela finalmente assume sua posição como submissa, mas usando um artifício de que “agora ela quer”, o que – como dito no início desta crítica – invalida completamente a primeira parte da trilogia. Pior do que isso, é no momento político atual, ela se colocar exatamente na mesma posição em que se coloca a relação entre Donald Trump e sua esposa, onde o bilionário seduz mulheres novas e inocentes (ou não) pelo dinheiro, subjugando-as às suas vontades.

O que sobra? Cenas de sexo mais bem elaboradas que seu antecessor, com até algumas piadas que fazem rir (essas sim propositais), mesmo que Grey tenha adquirido calças mágicas que somem automaticamente na hora do sexo; Vilões que parecem saídos de uma novela das 20h da Globo de quinta categoria; e uma trilha sonora que, aí sim, está inspirada abraçando vários ritmos e com os ótimos arranjos de Danny Elfman (“A Garota no Trem”).

Cinquenta Tons Mais Escuros” só consegue funcionar como comédia, mesmo que não queira. Deve ser por isso que ele já é um forte concorrente ao prêmio Framboesa de Ouro de 2017.

Para ver sexo com conteúdo, assista a: Dublê de Corpo (1984), Closer – Perto Demais (2004), 9 1/2 Semanas de Amor (1986), Secretária (2002), Amor e Outras Drogas (2010) ou Kids (1995).

Curiosidades:

– Há uma cena em que Anastasia fala “Espero que você me chame de Ana. Eu não espero café a menos que também pegue pra você…” – Essas frases são idênticas as frases do filme “Uma Secretária de Futuro” ditas pela protagonista Melanie Griffith que é na vida real mãe de Dakota Johnson, a Anastasia.
– Toda a produção e elenco estava filmando na França na época dos ataques terroristas que ocorreram no país.
– O pôster de cinema no quarto de Christan Grey quando ele era criança é de “Eclipse Mortal”
– A música do trailer é um cover de “Crazy Love” de Beyoncé, interpretada pelo cantor latino Miguel. Entretanto ela não aparece no filme em momento algum.

Ficha Técnica

Elenco:
Dakota Johnson
Jamie Dornan
Eric Johnson
Eloise Mumford
Bella Heathcote
Rita Ora
Luke Grimes
Victor Rasuk
Max Martini
Bruce Altman
Kim Basinger
Marcia Gay Harden
Andrew Airlie
Robinne Lee
Amy Price-Francis

Direção:
James Foley

Produção:
Dana Brunetti
Michael De Luca
E.L. James
Marcus Viscidi

Fotografia:
John Schwartzman

Trilha Sonora:
Danny Elfman

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