No setor de varejo e gastronomia, a franquia é uma promessa de que o cliente vai ter exatamente a mesma experiência em qualquer lugar do mundo onde se tenha aquela franquia. Na sétima arte é o inverso: a franquia precisa surpreender, subverter, ser maior, mais épica, ou pelo menos diferente.
“Bird Box: Barcelona” já nasce com um nome de franquia de varejo como “Hard Rock Café: Chicago” ou “McDonalds: Cairo”. O espectador cauteloso já deve torcer o nariz esperando um spin-off meramente deslocado na geografia, já que o primeiro “Bird Box” com Sandra Bullock se passava nos EUA.
Para fazer a diferença, a Netflix chamou a dupla de diretores e roteiristas David e Alex Pastor, que já trabalharam numa produção muito parecida chamada “Vírus” em 2009, a qual é ótima, diga-se de passagem.
A essência da trama mudou, pois introduziram um novo tipo de personagem que funciona como antagonista: as pessoas que viram as criaturas, mas ao invés de se suicidarem, tiveram uma visão de que elas são salvadoras e que para salvarem as demais pessoas, forçam-nas a ver as criaturas para que se matem. Ou seja, além das criaturas, os “mocinhos” dessa continuação ainda precisam se preocupar com os outros humanos que tem a vantagem de poderem enxergar normalmente e ainda são fanáticos e assassinos.
Fazendo uma análise fria, o elemento humano mais uma vez é usado como antagonista, tal qual são em vários filmes e série de zumbis, tipo “The Walking Dead” chegando no ponto de os zumbis serem mais figurantes. Aqui não chega a tanto e o início até surpreende, mas faltou ousadia.
Enquanto o elemento mais importante, emocionante e presente da narrativa é a jornada do protagonista Sebástian, interpretado com carisma por Mario Casas do sensacional “Um Contratempo”, o resto é mais do mesmo, onde a violência gráfica poderia ser mais incrementada, mas mantiveram no nível do antecessor.
O “docinho” fica por conta que evoluíram só um pouquinho na possível explicação sobre o que seriam as criaturas, mas pouco o suficiente para fazerem uma terceira parte talvez em outro lugar do globo.
“Bird Box: Barcelona” começa bem, mas esfria ao longo do desenvolvimento. Vale pelo protagonista.
Ficha Técnica:
Elenco:
Mario Casas
Georgina Campbell
Diego Calva
Naila Schuberth
Alejandra Howard
Patrick Criado
Celia Freijeiro
Lola Dueñas
Gonzalo de Castro
Michelle Jenner
Leonardo Sbaraglia
Jorge Asin
Abdelatif Hwidar
Manel Llunell
Aina Quiñones
Kotomi Nishiwaki
Milo Taboada
Carolina Meijer
Direção:
David Pastor
Àlex Pastor
História e Roteiro:
David Pastor
Àlex Pastor
Produção:
Dylan Clark
Adrián Guerra
Chris Morgan
Núria Valls
Fotografia:
Daniel Aranyó
Trilha Sonora:
Zeltia Montes