Ben & Mickey Contra os Mortos (“The Battery”)

Às vezes é preciso cuidado quando decisões movidas pela falta de budget se transformam em decisões artísticas, resultando num pseudo cult e descambando pra picaretagem.

Feito com apenas U$ 6 mil angariados pelo ator e diretor Jeremy Gardner, o filme mostra o próprio como Ben e seu amigo Mickey (Adam Cronheim, outro desconhecido), num pós apocalipse zumbi, vagando de um canto a outro sem nunca parar, enquanto a solidão e a divergência entre suas personalidades vai minando seu relacionamento.

Sim, é muito mais um filme de pessoas (duas, aliás) do que de zumbis. Não, realmente não precisava ter cenas épicas feitas em CGI com maquiagem impecável para um filme desses. Entretanto, as escolhas para materializar essa trama foram pra lá de erradas. Tão erradas que a gente descobre olhando o inverso: as certas. O início foi um dos grandes acertos, quando pega o espectador de surpresa no que deveria ser uma cena cotidiana e se transforma num piscar de olhos no estopim do resto da trama (talvez a melhor do filme).

Daí aguardamos décadas em cenas contemplativas que em nada desenvolvem a dinâmica da dupla de ex jogadores de baseball. Inclusive deve ter vinte minutos de filme apenas de cenas onde eles ficam brincando ente si com bolas, tacos e luvas de baseball. As cenas que definem o rumo de suas personalidades são poucas, mas emblemáticas.

Só que tem um porém e é o onde o roteiro já fraco dá a maior escorregada: durante todo o tempo, tenta-se provar as diferenças entre os dois personagens e o quão afastados eles estão, mesmo que juntos – por necessidade – visando um objetivo comum… apenas para no desfecho essa relação ser posta em prova (mas em prova porque, já que ela em tese é tão fraca?), o que honestamente resulta numa cena risível, previsível e cansativa. E as escolhas para se criar tensão através daquilo que não se vê, muito mais pela falta de grana do que pela criatividade, pouco ajudam e mesmo quando o fazem, demoram demais. Não é a toa que o filme eternos 100 minutos.

Fazer dessa produção algo realmente cult ou num patamar minimamente mediano pode até precisar de mais dinheiro, mas principalmente deveria ter tido mais criatividade no desenvolvimento do roteiro e na sua condução com uma edição mais ágil. Do jeito que está, fica apenas uma tentativa frustrada e manipuladora de criar um cult, quando na verdade é só chato mesmo.

Curiosidades:
– O pote de urina tem realmente urina.
– O diretor angariou U$ 6 mil pedindo emprestado U$ 600 para dez pessoas.
– Na cena em que o carro fica sem gasolina, o carro realmente teve um problema e parou de funcionar.
– Em vários momentos eles lembram quando ficaram presos numa casa em Pittsfield. É uma homenagem ao baseball, pois foi lá que se tem o primeiro registro do que viria a ser um jogo de baseball em 1791.

Ficha Técnica

Elenco:
Jeremy Gardner
Adam Cronheim
Niels Bolle
Alana O’Brien

Direção:
Jeremy Gardner

Produção:
Matt Bacco
Adam Cronheim
Jeremy Gardner
Douglas A. Plomitallo
Christian Stella

Fotografia:
Christian Stella

Trilha Sonora:
Ryan Winford

DIREÇÃO

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