A Torre Negra (“The Dark Tower”)

Se você achou insuficiente três filmes de mais de três horas de “O Senhor dos Anéis” para tentar cobrir o vasto universo de JRR Tolkien, imagina o que deve ser tentar cobrir uma série de oito livros do mestre Stephen King com apenas um filme de pouco mais de noventa minutos. Principalmente sabendo que essa série é emblemática porque conecta vários outros livros do autor, colocando muitas de suas histórias num mesmo universo, como “A Dança da Morte”, “IT”, “Christine – O Carro Assassino”, “Cujo”, entre outras (detalhes na seção de Curiosidades após a crítica).

Dito isso, essa adaptação para o cinema, talvez tenha sido o melhor que se pôde fazer para trazer um pouquinho desse universo e mesmo assim com ressalvas. O filme já começa jogando essa história na tela sem mais delongas ao dizer que existe uma tal Torre Negra que protege o universo das forças do mal, um feiticeiro chamado Walter (Matthew McConaughey de “Um Estado de Liberdade”), um último sobrevivente dos defensores da Torre, denominados de Pistoleiros, Roland (Idris Elba de “Star Trek: Sem Fronteiras”) que vaga buscando vingança contra o mago do mal e, finalmente, que para destruir essa Torre, Walter usa crianças que rapta da Terra que tem um dom de transformar a energia de sua mediunidade numa arma para atacar a Torre. É aí que entra Jake (o ator mirim Tom Taylor estreando no cinema), que tem a maior pureza da mediunidade e acaba sendo arrastado para esse mundo e junto com Roland deve derrotar Walter para salvar a Torre Negra e consequentemente o universo inteiro.

O espectador, para seguir com interesse, tem que simplesmente aceitar todas essas verdades sem questionar muito sua origem e porque os mundos apresentados são do jeito que são. Para caber tudo num filme só, todas as explicações foram limadas, importando apenas a ação e a dinâmica dos personagens e, no máximo em poucos momentos, o roteiro dá um vislumbre do que poderia ser essa expansão do universo de King.

Partindo desse princípio, o filme funciona até que bem, tem ótimos efeitos especiais, um elenco que entende bem a história e se debruça sobre ela ainda que com apenas trechos da informação e finalmente um roteiro que consegue amarrar a narrativa com as partes mais relevantes, mesmo deixando o espectador na vontade para descobrir mais sobre o universo do autor. Ainda assim, há vários easter eggs dos demais livros de Stephen King que os fãs deverão gostar de ver (independente se os mais hardcore odeiem a adaptação como um todo).

A Torre Negra” é um razoável passatempo de ação e fantasia que cumpre seu papel como filme único, mas não mostra nem um dedinho do que seria a verdadeira obra de Stephen King. O jeito é encarar que cinema é cinema e aproveitar os bons momentos.

Curiosidades:

– A série de livros tem vários vínculos com outros livros do autor. Um dos principais é que o feiticeiro Walter é uma espécie de demônio que no livro é revelado ter aparecido sob outras formas em algumas histórias de King. Uma das principais é como o vilão do livro (e depois a adaptação para a série) “A Dança da Morte”. Personagen de outros de seus livros também aparecem na série, como o protagonista de “Lembranças de Um Verão” ou aqueles do universo de outra série do autor, “O Talismã”, só para citar alguns.
– Quando Roland pergunta se os animais da Terra ainda falam é uma referência a um guaxinim falante que aparece num dos livros da série.
– No filme “O Nevoeiro”, de 2007, outra adaptação de um livro de Stephen King, há uma cena num cinema onde aparece o cartaz de “A Torre Negra”, pois o filme iria indicar que o filme estava chegando. Mas devido a problemas com a produção, acabou que o filme demorou quase dez anos para ser feito.
– No início, numa das visões de Jake, é dita a frase: “O Homem de Preto voou através do deserto e o Pistoleiro o seguiu” (em tradução livre). Essa frase é exatamente como o primeiro livro da série começa.

Easter Eggs do filme que remetem a outros livros / filmes escritos por Stephen King:
– No Mundo Médio há um parque de diversões com um letreiro escrito Pennywise, que é o nome do palhaço assassino de “IT – A Coisa”. Especula-se que Pennywise também é uma das encarnações de Walter inclusive por levar crianças da cidadezinha onde o livro / filme se passa.
– Na sala do psicólogo de Jake há uma foto do Hotel Overlook, que é onde se passa o clássico “O Iluminado”.
– Também há uma cena no início em que aparece crianças gêmeas no mesmo estilo de “O Iluminado”.
– O carrinho de brinquedo que Jake brinca numa cena é o exato modelo de “Christine – O Carro Assassino”.
– Há uma cena que envolve uma família e um cachorro da mesma raça de “Cujo”.
– Há uma loja com o letreiro “Barlow and Straker’s” que são os nomes dos personagens principais de “A Hora do Vampiro”.
– O código de um dos portais é 1408, referência do livro com o mesmo nome.
– Na loja de armas há o mesmo pôster de Rita Hayworth usado na fuga da prisão do filme “Um Sonho de Liberdade”.

Ficha Técnica

Elenco:
Matthew McConaughey
Idris Elba
Tom Taylor
Dennis Haysbert
Ben Gavin
Claudia Kim
Jackie Earle Haley
Fran Kranz
Abbey Lee
Katheryn Winnick
Nicholas Pauling
Michael Barbieri
José Zúñiga
Nicholas Hamilton

Direção:
Nikolaj Arcel

Produção:
Akiva Goldsman
Ron Howard
Erica Huggins

Fotografia:
Rasmus Videbæk

Trilha Sonora:
Junkie XL

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