É quase um filmaço. Mas o quase que faltou fez muita falta.
O problema é que o roteiro conta duas histórias juntas. A primeira é o que faz a produção ser muito boa: Maggie Q de “A Ilha da Fantasia” está estonteante e fatal como Anna, uma assassina que quando criança foi resgatada e depois treinada pelo lendário mercenário Moody (O mother f*cker Samuel L. Jackson da franquia “Dupla Explosiva”). Depois que ele é misteriosamente morto, Anna vai atrás de matar o mandante e todos aquele em seu caminho.
Daí é tiro, porrada e bomba da melhor qualidade e, de bônus, uma peculiar a interessante relação com o vilão charmoso interpretado com o melhor cinismo por Michael Keaton de “Os 7 de Chicago”.
O problema é que há uma segunda história e é justamente a do tal filho do vilão. Essa outra história – que deveria fazer parte da mesma trama – é a motivação pela qual os eventos do filme acontecem. Só que ela é tão mal contada que, não só é quase impossível entendê-la minuciosamente, como também ela praticamente é esquecida ao longo de tantas cenas de ação.
O diretor Martin Campbell de “O Estrangeiro” arquitetou muito bem a ação e a dinâmica entre os personagens, mas não conseguiu inserir o elemento chave de motivação, ou melhor, não conseguiu explicar, deixando uma série de pontas soltas que não fazem jus ao destino dos principais personagens: o que o filho do vilão (que tem apenas segundos de aparição) tem com o serviço que Moody executou e que foi assombrá-lo depois de tanto tempo? Inclusive, porque Moody resolveu mexer nesse vespeiro depois de tanto tempo? Qual a motivação de Moody no primeiro e terceiro atos? Como funciona a estrutura da organização do vilão, já que parece que ninguém se entende e muito menos se entende a motivação pessoal de cada personagem dessa organização? A partir do desfecho, onde o tal filho do vilão entra? O personagem dúbio de Michael Keaton é do bem, do mal e porque teve aquele desfecho? São essas apenas algumas perguntas que ficam no ar e parte delas seriam fundamentais para dar profundidade à trama que, no final, resulta apenas em um ótimo ritmo com design de produção muito bem feito e boas atuações para o que compete o gênero.
“A Protegida” é um dos poucos exemplares que com a ótima qualidade de ação, poderia ter sido melhor aproveitado se tivesse menos história. Foram querer enfeitar e o tiro saiu pela culatra.
Ficha Técnica
Elenco:
Maggie Q
Samuel L. Jackson
Michael Keaton
David Rintoul
Patrick Malahide
Ray Fearon
Ori Pfeffer
Robert Patrick
Florin Piersic Jr.
Tudor Chirila
Velizar Binev
George Pistereanu
Direção:
Martin Campbell
Produção:
Moshe Diamant
Yariv Lerner
Christopher Milburn
Arthur Sarkissian
Robert Van Norden
Fotografia:
David Tattersall
Trilha Sonora:
Photek