A Mulher de Preto (“The Woman in Black”)

Daniel Radcliffe tratou de dar prosseguimento à sua carreira fazendo algo bem diferente de Harry Potter. Ele volta ao início do século passado como Arthur, um advogado que perdeu a esposa há anos, mas nunca se recuperou totalmente. Ele é enviado a uma cidadezinha para fazer o inventário dos bens de uma senhora que morava num casarão isolado. Quando chega, depara-se com uma sombria história de crianças mortas e ainda deve enfrentar as aparentes assombrações na mansão abandonada.

Encarnando um tipo introspectivo e soturno, é um personagem diametralmente oposto ao amado Potter, se bem que é inevitável que em alguns momentos a platéia espere que ele tire uma varinha mágica do bolso para esconjurar os fantasmas. Diga-se de passagem, Radcliffe nunca foi grande ator, mas parece ter, no mínimo, entendido o que o papel requer.

O diretor James Watkins do ótimo “Sem Saída” conseguiu engendrar uma trama bastante envolvente e consistente. Mesmo o espectador matando a charada da ligação entre a tal mulher de preto, as crianças e os motivos que a cercam, desvendar o mistério se mostra uma experiência deliciosa, até pelos ótimos sustos feitos à moda antiga, via ótimas truncagens e câmeras muito bem posicionadas. É o caso do susto da cadeira de balanço ou quando o protagonista passa com uma vela e ela reflete nos olhos dos brinquedos do quarto, dando a impressão que eles estariam acompanhando os passos de Arthur.

Como nem tudo são flores, os roteiristas de filmes de terror, naquela ânsia de surpreender o público, acabam escrevendo um terceiro ato falho que por pouco não estraga a avaliação do filme. Primeiro, por culpa do diretor, há uma cena desnecessária que praticamente “conta” o que deveria ser a surpresa do final, tirando todo o impacto do que acontece adiante. E finalmente o desfecho que é manipulador ao extremo em fazer um fato ruim parecer como algo bom, dando um dúbio sentimento que não deve convencer a platéia.

A Mulher de Preto” merece muitos créditos pelo conjunto de aspectos técnicos e narrativos que o cercam, mesmo que escorregue no final.

Ficha Técnica

Elenco:
Daniel Radcliffe
Ciarán Hinds
Mary Stockley
Shaun Dooley
David Burke
Alisa Khazanova
Sidney Johnston
Janet McTeer
Alfie Field
Misha Handley
Teresa Churcher
Alexia Osborne
Aoife Doherty

Direção:
James Watkins

Produção:
Richard Jackson
Simon Oakes
Brian Oliver

Fotografia:
Tim Maurice-Jones

Trilha Sonora:
Marco Beltrami

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Respostas de 3

  1. Excelente filme Aldo, acabei de vê-lo e já esperava pelo menos um bom filme de suspense e me surpreendi com a história significavelmente envolvente

    4/5 em minha opinião

  2. pelo amor de Deus…que filme ruim é esse?! eu mais achei graça do que fiquei com medo assistindo isso. minha mãe até falou “acho que a intençao de quem fez esse filme foi sacanear o harry poter” (ta, concordo, acho que nao posso ficar assistindo filmes com a minha mãe, ela corta todo o clima, sempre). cara, eu até já estava achando que ele ia tirar uma varinha pra lutar contra a mulher de preto. o cara nao tinha medo de naaaaaaaaaaada!!! ele viu morto sair da tumba, viu fantasma no corredor, viu espirito riscando movel, só faltou ver o capeta de cueca dançando no meio da sala e nem assim ele sentia medo!! ele ainda fazia questao de ficar ali naquela porcaria de casa!!! sae dae, véi! bora mentir, mas assim já é demais!

    o filme até que tem um clima medonho e tals, suspense e bla bla bla…mas já alopraram…eu sei que o harry poter está acostumado com fantasmas,ele até tinha uma fantasma tarada no banheiro com ele, mas acho que esqueceram de dizer pra ele que agora ele era outro personagem.

    bom, se vc quer ver um ótimo filme, esse ae ta valendo, assista, mas assista como COMEDIA, pq de terror ele nao tem nada!!

    destaque para a cena do defunto saindo da lama lá na praia e o harry poter em vez de gritar, se descabelar, desmaiar, cagar, nao, ele foi lá abrir a porta pro morto ¬¬

  3. Daniel Radcliffe em um filme de terror onde ele fica sozinho em uma casa aparentemente mal assombrada??? Huuuum, meio caminho andado para tragédia, afinal Daniel é o básico da arte dramática e toda a trama giraria em torno de seu personagem para tornar a história crível e digna de ser acompanhada. Com expectativas tão baixas até ficava fácil ser surpreendido e fui, primeiro pela responsabilidade de Radcliffe que compôs um advogado fortemente afetado psicologicamente pela perda da esposa, o que explica sua aparente incredulidade ante as aparições e demais imagens que o assobram, afinal, para ele, nada é pior do que viver sem a mulher que ama, e sem conseguir se apegar ao filho que por mais que negue, fica evidente que o considera ceifador da vida da esposa através do parto. As expressões minimalistas e melancólicas do personagem, buscam afastar a sempre caricata interpretação feita a Potter. Mas nada disso adiantaria sem a direção de James Watkins, que parece fazer uma homenagem ao modo antigo de fazer terror, onde truques de câmera e filmagens a distância sempre sinistras, trazem a atmosfera necessária para bons sustos. Destaque para o local, a casa parece com qualquer outra mal assombrada, mas a maré que sobe e o nevoeiro dão um toque todo especial. De ponto contra talvez justamente a boa vontade do diretor em dar um tom melodramático e comercial ao filme, lembrando um pouco o excelente “Orfanato”, mas ficando bem abaixo desse. Desfecho desnecessário. Vale a locação, e um conselho, esqueça que é Daniel, senão o problema será sua análise e não o filme.

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